As estrelas vestiram preto e ignoraram Marchesa. Houve boicote?

No primeiro grande evento desta temporada de prémios, os Globos de Ouro, não houve sinais da marca de vestidos de luxo criada por Georgina Chapman – actualmente no processo de se divorciar de Harvey Weinstein.

Fotogaleria
Harvey Weinstein e Georgina Chapman antes de uma apresentação da Marchesa, em Nova Iorque, em 2016 Theo Wargo/Getty
Fotogaleria
Goergina Chapman posa com as suas convidadas para o Met Gala de 2017, Chrissy Teigen e Rita Ora, ambas em vestidos Marchesa REUTERS/Lucas Jackso
Fotogaleria
Renée Zellweger deu um grande empurrão à marca, logo na sua infância, quando escolheu um vestido Marchesa para a estreia de O Novo Diário de Bridget Jones, em 2004 REUTERS/Toby Melville
Fotogaleria
Jennifer Lopez com um vestido Marchesa, nos Óscares de 2007 REUTERS/Lucy Nicholson
Fotogaleria
Felicity Huffman nos Globos de Ouro de 2006 Getty/ Frazer Harrison
Fotogaleria
Sienna Miller com um vestido Marchesa, nos Globos de Ouro de 2007 REUTERS/Lucy Nicholson

Apesar de não ser um dress code oficial, a escolha do preto para a 75.ª edição dos Globos de Ouro foi cumprida por quase todos os convidados. As excepções contavam-se com os dedos de uma mão. Mas outra regra parece ter ficado subentendida, já que visivelmente ausentes da passadeira vermelha estiveram as criações de Marchesa – pelo menos usadas por figuras conhecidas pelo grande público. Esta é a marca da ex-mulher de Harvey Weinstein.

Desde que foi fundada em 2014, por Keren Craig e Georgina Chapman, a Marchesa saltou, em poucos anos, para a posição de uma das marcas mais procuradas de vestidos de luxo – conhecida pelo seu estilo etéreo –, marcando presença em todos os grandes eventos. Tornou-se uma das escolhas de eleição de inúmeras celebridades, de Sandra Bullock a Cate Blanchett, passando por Chrissy Teigen, Rita Ora, Jennifer Lopez, Anne Hathaway, Kate Hudson e tantas outras, aparecendo na passadeira vermelha de eventos desde o Met Gala aos Óscares – e, claro, Globos de Ouro.

O que terá, então, acontecido este ano? É difícil comprovar que tenha havido um boicote, mas é também impossível ignorar a ligação da marca com o escândalo de assédio sexual que assolou Hollywood nos últimos meses, já que Georgina Chapman, uma das co-fundadoras da marca foi casada com o produtor de Hollywood Harvey Weinstein que está no centro do escândalo do abuso e assédio sexual. Pouco depois da primeira reportagem, do New York Times, que revelava os abusos do marido, Chapman anunciou a separação – apesar de num primeiro momento ter declarado que ficaria ao seu lado.

Foto

“O meu coração está devastado devido às mulheres que sofreram uma dor tremenda com estas acções imperdoáveis. Escolhi deixar o meu marido. Tomar conta dos meus filhos é a minha primeira prioridade e, por isso, peço à imprensa privacidade neste momento”, declarou Chapman num comunicado enviado à revista People. Os dois começaram a namorar em 2004, depois de Weinstein se separar da primeira mulher, e casaram em 2007. Têm dois filhos, de quatro e de sete anos.

Mesmo antes da cerimónia já se discutia se a marca iria ou não sobreviver na era pós-escândalo de Harvey Weinstein. Citada pela Newsbeat, da BBC, a estilita Alex Longmore comentou em Outubro que se alguma celebridade fosse vista a usar Marchesa seria "quase como se estivessem a apoiar suavemente o que aconteceu antes". Segundo a mesma, Weinstein fazia com que as actrizes dos seus filmes – como Jennifer Lawrence e Nicole Kidman – usassem Marchesa. Felicity Huffman – uma das estrelas de Donas de Casa Desesperadasconfirmou à TooFab que Weinstein ameaçou destruir a sua carreira se não usasse um vestido da sua mulher, nos Globos de Ouro de 2006, quando estava nomeada pelo seu papel na televisão e no filme Transamerica.

Renée Zellweger deu um grande empurrão à marca, logo na sua infância, quando escolheu um vestido Marchesa para a estreia de O Novo Diário de Bridget Jones – um filme produzido pela empresa de Weinstein, Miramax –, em 2004. Em 2007, Sienna Miller apareceu nos Globos de Ouro com um vestido Marchesa, depois de ter participado no filme produzido por Harvey, Factory Girl - Quando Edie Conheceu Warhol.

"Ele foi o estratega por detrás da Marchesa – a orquestrar acordos e a usar a sua influência em termos de ligações a celebridades por ela [a mulher] em nome da marca", conta em anónimo uma publicitária de Los Angeles ao The Hollywood Reporter. De acordo com a mesma, Georgina Chapman e Harvey Weinstein "ambos beneficiavam da sua relação, mas ela certamente sabia acerca do seu mau comportamento".

Ainda assim, há quem defenda a marca, como a filha do senador dos Estados Unidos John McCain, Meghan McCain, que não deixou de usar o seu vestido de casamento Marchesa, em Novembro, apesar do escândalo de Harvey Weinstein ter um mês.

Quem veio para a praça pública condenar a marca foi Rose McGowan – uma das primeiras actrizes a acusar Weinstein de assédio sexual. Num tweet dirigido a Meryl Streep, acusou-a de cumplicidade com o produtor e de hipocrisia por estar a planear usar preto para os Globos de Ouro. "Talvez devesses usar Marchesa", escreveu, mais tarde pediu desculpa por essa parte do comentário. 

A marca retorna em Fevereiro ao calendário da semana da moda de Nova Iorque e, de acordo com declarações dos armazéns de luxo Neiman Marcus ao The Hollywood Reporter, em Dezembro, o negócio não foi afectado até agora.

É impossível determinar se absolutamente nenhum convidado da gala dos Globos de Ouro usou Marchesa, mas pelo menos as personalidades conhecidas ignoraram a marca, dizem o Los Angeles Times e a Fortune. Com toda a temporada de entregas de prémios pela frente, resta saber como se sentem os nomeados dos British Academy Film Awards ou dos Óscares, por exemplo, em relação à marca.

Sugerir correcção
Comentar