As futuras etapas na investigação à interferência da Rússia

A equipa do procurador especial poderá aumentar a pressão sobre Paul Manafort e Rick Gates para chegar a Donald Trump.

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Robert Mueller Yuri Gripas/Reuters

Já quase toda a gente se pronunciou sobre as primeiras acusações contra três membros da campanha presidencial de Donald Trump no âmbito da investigação à interferência da Rússia ao processo eleitoral norte-americano. Em silêncio permanece, para já, a única pessoa que sabe tudo sobre o assunto: o procurador especial Robert Mueller, o antigo director do FBI que foi indicado em Maio para conduzir, de forma independente, as investigações do Departamento de Justiça às alegadas ligações entre a campanha de Trump e agentes da Rússia.

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Já quase toda a gente se pronunciou sobre as primeiras acusações contra três membros da campanha presidencial de Donald Trump no âmbito da investigação à interferência da Rússia ao processo eleitoral norte-americano. Em silêncio permanece, para já, a única pessoa que sabe tudo sobre o assunto: o procurador especial Robert Mueller, o antigo director do FBI que foi indicado em Maio para conduzir, de forma independente, as investigações do Departamento de Justiça às alegadas ligações entre a campanha de Trump e agentes da Rússia.

Mas mesmo sem falar de viva voz, Mueller “disse” bastante sobre o processo nas páginas que sustentam as acusações a Paul Manafort e Rick Gates, e sustentam o acordo firmado com George Papadopoulos para assegurar a sua colaboração com os procuradores. E nas entrelinhas, deixou pistas sobre o rumo que a investigação pode seguir.

- Atendendo à moldura penal dos crimes imputados a Manafort e Gates (que se declararam inocentes), os procuradores poderão tentar estabelecer um acordo em troca de informação/colaboração com a investigação;

- Nesse sentido, os procuradores poderão avançar para o arresto e confisco de bens (imóveis ou financeiros), do antigo director e vice-director da campanha ou estender as investigações a familiares e outras pessoas próximas;

- As buscas serão alargadas para incluir as participações de outras empresas em negócios que passaram pela consultora de Manafort com a Rússia ou personalidades próximas do regime de Vladimir Putin, numa tentativa de estabelecer um nexo financeiro que poderá abranger as companhias de Trump;

- Os investigadores estarão a vasculhar todos os documentos ligados à campanha, nomeadamente todas as comunicações electrónicas, para cruzar com as novas informações que foram apresentadas por George Papadopoulos;

- No rasto dessas mensagens, os investigadores poderão voltar a chamar para depoimento indivíduos que já foram entrevistados e que poderão ter ocultado informação ou mentido, e convocar outras personalidades que ainda não tinham sido abordadas.

Vários especialistas jurídicos, procuradores e outros magistrados que leram as acusações disseram aos jornais americanos que o trabalho da equipa de Robert Mueller parece “abrangente, detalhado e sustentado” e revela uma investigação que está a seguir o seu curso “a todo o vapor”. Muitos acreditam que os procuradores chegarão a um momento em que, perante os indícios ou provas acumuladas, terão de confrontar directamente o Presidente Donald Trump.

Como disse ao Politico Mark Zaid, um conhecido advogado de Washington especializado em matérias de segurança nacional, “a defesa de Trump estará a fazer todos os esforços para adiar ou impedir que o Presidente seja entrevistado. Tendo em conta o histórico de disputas legais em que Trump esteve envolvido, e a forma como se comportou em anteriores depoimentos, o risco de que acabasse por se contradizer e incriminar-se não pode ser descartado”, considerou.