Dos congressos às bifanas – em que andaram os partidos a gastar dinheiro

O PS gastou mais de meio milhão de euros no congresso de Junho, o PSD manteve a avença com o publicitário brasileiro André Gustavo. Os centristas compraram bifanas, pão e porcos assados para a rentrée no Troviscal.

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O publicitário André Gustavo continuou a fazer a assessoria para os sociais-democratas até ao final de 2016, já depois de, no início desse ano, se ter sabido que a sua colaboração com o PSD, desde 2011, estava a ser investigada pelas autoridades brasileiras no âmbito da Operação Lava-Jato. As facturas mensais pelos serviços prestados pelo publicitário (que acabou por ser detido há um mês, no Brasil) estão inscritas na listagem de acções e meios de propaganda política que os partidos têm que entregar anualmente no Tribunal Constitucional e mostram que o especialista em comunicação e marketing que assessora Pedro Passos Coelho e o PSD recebeu do partido um total de 179 mil euros durante 2016.

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O publicitário André Gustavo continuou a fazer a assessoria para os sociais-democratas até ao final de 2016, já depois de, no início desse ano, se ter sabido que a sua colaboração com o PSD, desde 2011, estava a ser investigada pelas autoridades brasileiras no âmbito da Operação Lava-Jato. As facturas mensais pelos serviços prestados pelo publicitário (que acabou por ser detido há um mês, no Brasil) estão inscritas na listagem de acções e meios de propaganda política que os partidos têm que entregar anualmente no Tribunal Constitucional e mostram que o especialista em comunicação e marketing que assessora Pedro Passos Coelho e o PSD recebeu do partido um total de 179 mil euros durante 2016.

Esta é uma das muitas despesas do bolo de 7,75 milhões de euros das despesas sociais-democratas durante o ano passado. Outras são, por exemplo, a organização da Festa do Pontal, que custou pelo menos 85 mil euros (para 1300 pessoas); ou o jantar dos 42 anos do PSD na Alfândega do Porto (que o partido diz ter sido para 3500 pessoas) que custou metade disso; ou a Universidade de Verão (para 100 alunos), que teve um custo de 93 mil euros. Ou ainda a visita de três dirigentes do PSD às comunidades portuguesas no Brasil, de 16 a 20 de Junho, que custou ao partido 18 mil euros.

Trata-se de uma contabilização por baixo para cada uma destas iniciativas, porque a larga maioria das despesas do PSD descritas em 119 páginas A4 estão catalogadas como “gastos correntes 2016”, não sendo possível associá-las a eventos em concreto, misturando despesas de deslocações e de representação com salários dos funcionários do partido, manutenção automóvel ou informática, por exemplo.

Sondagens, outdoors, festas de Verão e rentrées, eleições legislativas regionais nos Açores, jornais dos partidos, assessorias de comunicação e marketing – estas são as actividades que mais dinheiro consomem aos cofres dos partidos anualmente. Mas onde gastaram verbas bem elevadas, no ano passado, foi em congressos, com o PS à frente. Somadas as despesas do PS directamente ligadas à reunião magna na FIL, em Lisboa, em Junho, o total ultrapassa o meio milhão de euros (533.483 euros), mas há também mais 24 mil euros de gastos das campanhas de Elza Pais e António Costa para liderarem, respectivamente, as Mulheres Socialistas e o PS.

O PSD, que no início de Abril ocupou a Nave de Espinho, apresenta despesas ligadas ao congresso no valor de 278 mil euros, enquanto os centristas gastaram 155 mil euros em Março, em Gondomar, no conclave da passagem de testemunho de Paulo Portas para Assunção Cristas. O PCP declara gastos de 113.305 euros com os três dias do congresso de Dezembro, em Almada. O Bloco foi o mais poupado: fez a sua convenção nacional no final de Junho, em Lisboa, angariou 526,5 euros e teve uma despesa total de 100.813 euros.

As rentrées começam a pesar nos orçamentos anuais: os bloquistas especificam que o acampamento Liberdade 2016 teve um saldo negativo de 19.894 euros (apesar dos 9684 euros angariados) e que o Fórum Socialismo custou aos seus cofres 12.360 euros. No entanto, o Bloco comunica ao TC que no total do ano teve 1,177 milhões de euros de despesas e 2,098 milhões de euros de receitas. Para o lucro de 921 mil euros foi determinante a subvenção anual de 1,56 milhões de euros que recebeu em 2016.

Os centristas gastaram 57.300 euros na festa do Troviscal (Oliveira do Bairro), onde Cristas anunciou a candidatura a Lisboa.

Os socialistas pagaram 23 mil euros por sondagens no final do ano em Barcelos, Loures, Faro, Santarém, Elvas, Vizela, Beja e Oliveira de Azeméis. Mas no PSD a preocupação foi bem maior: o partido gastou 242 mil euros numa enorme lista de sondagens fornecidas pelas empresas Pitagórica, Consulmark, Sociologest e Intercampus.

Entre as contas apresentadas pelo partido Juntos Pelo Povo, com bancada parlamentar na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, além de várias acções políticas um pouco por toda a ilha e em Porto Santo, destaque para as deslocações sucessivas ao continente (foram pelo menos 18), justificadas como “reunião de assessoria jurídica” e que implicaram uma despesa de 6900 euros, e para os 250 molhos de cravos (por 1250 euros) comprados para assinalar o 1.º de Maio.

Algumas despesas menos convencionais

- A compra de uma oferta para as “cerimónias fúnebres do camarada Mário Soares” está registada pelo PS a 28 de Dezembro, por 79 euros

- Imprimir e enviar o jornal Acção Socialista aos militantes custou ao PS 61.680 euros

- Fazer media training a Passos Coelho para uma entrevista ao PÚBLICO custou ao PSD 149,67 euros

- Dois dirigentes sociais-democratas participaram no Fórum do Partido Comunista Chinês entre 15 e 20 de Maio, gesto diplomático que custou 28.900 euros aos cofres do PSD

- A maquilhagem e cabeleireiro de Assunção Cristas no congresso teve uma factura de 369 euros

- Para o arraial no Troviscal, o CDS comprou 3500 carcaças (525 euros), 78 quilos de febras (372,06 euros), e contratou um serviço de porco no espeto com quatro porcos e febras (2000 euros)

- Pelo congresso de Almada terão passado três mil pessoas, mas o PCP diz que imprimiu 47.500 teses por 11.300 euros. E comprou quase um quilómetro de tecido para tapar as mesas por 2087 euros

- Para participar no protesto Fechar Almaraz, o Bloco gastou 9131 euros, mas conseguiu angariar 2460 euros. Só os autocarros para a viagem de ida e volta a Cáceres custaram 6500 euros