Irão só precisa de “algumas horas” para reactivar o seu programa nuclear

Sanções dos Estados Unidos comprometem acordo nuclear de 2015, avisa Presidente iraniano, Hassan Rouhani

Foto
Paciência de Hassan Rouhani com os Estados Unidos e Trump parece estar a esgotar-se LUSA/ABEDIN TAHERKENAREH

Num discurso ao Parlamento transmitido em directo para todo o país, esta terça-feira, o Presidente do Irão, Hassan Rouhani, deixou um sério aviso aos Estados Unidos: se Washington insistir na imposição de sanções contra Teerão, estará a comprometer os termos do acordo nuclear internacional, assinado em Julho de 2015, que levou ao congelamento de todas as actividades da república islâmica. E se isso acontecer, o Irão poderá reactivar o seu programa “num curto espaço de tempo”. “Não estamos a falar num prazo de meses, ou semanas, ou dias; estamos a falar num prazo de algumas horas”, garantiu Rouhani.  

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Num discurso ao Parlamento transmitido em directo para todo o país, esta terça-feira, o Presidente do Irão, Hassan Rouhani, deixou um sério aviso aos Estados Unidos: se Washington insistir na imposição de sanções contra Teerão, estará a comprometer os termos do acordo nuclear internacional, assinado em Julho de 2015, que levou ao congelamento de todas as actividades da república islâmica. E se isso acontecer, o Irão poderá reactivar o seu programa “num curto espaço de tempo”. “Não estamos a falar num prazo de meses, ou semanas, ou dias; estamos a falar num prazo de algumas horas”, garantiu Rouhani.  

“O Irão, que cumpriu com todos os seus compromissos [de limitação e escrutínio do seu programa nuclear], não deixará de vigiar de maneira muito séria qualquer violação por parte dos restantes signatários. E se tal acontecer, não deixará de responder em concordância”, avisou o líder iraniano, cuja paciência para as ameaças de Donald Trump estará, aparentemente, a chegar ao fim. O Presidente norte-americano tem repetidamente ameaçado rasgar o acordo com o Irão, negociado pelo chamado grupo P5+1 e supervisionado pela Organização Internacional de Energia Atómica. “O mundo já percebeu que, com o Presidente Trump, os Estados Unidos não são nem um bom parceiro e aliado, nem um negociador em quem se possa confiar”, observou.

Nos sete relatórios já produzidos sobre o cumprimento do chamado “plano integral de acção conjunta”, os observadores confirmaram que a República Islâmica está a respeitar todas as suas obrigações em termos de aplicação das medidas exigidas.

Na sua intervenção no Parlamento, Rouhani prometeu que não será por iniciativa do Irão que o acordo nuclear – que classificou como “um modelo” das vitórias que podem ser alcançadas através da diplomacia – deixará de vigorar. Mas também garantiu que se o compromisso cair por terra, o seu país estará em condições para retomar “em algumas horas” o programa suspenso. E, lembrou, começará a trabalhar “numa situação [nuclear] muito mais avançada do que aquela que existia no momento de início das negociações”.

O Irão concordou com a limitação e supervisão de todas as suas actividades nucleares em troca do levantamento, suspensão e revogação das sanções internacionais que asfixiavam a sua economia. No entanto, o acordo de 2015 manteve em vigor as sanções norte-americanas e europeias relativas ao comércio de sistemas de mísseis balísticos e outra tecnologia militar, ou as que foram impostas a cidadãos suspeitos de financiamento de actividades terroristas.

Desde Janeiro, os Estados Unidos já aprovaram várias rondas de sanções contra indivíduos e companhias e entidades iranianas, em retaliação por “acções hostis e beligerantes do Irão”. Segundo esclareceu a Casa Branca, as medidas punitivas têm a ver com o desenvolvimento do programa balístico do regime de Teerão – e não por se ter verificado qualquer “violação directa” do acordo nuclear. Washington acredita que os ensaios militares conduzidos pelo Irão, que tem vindo a testar mísseis e rockets, são uma primeira etapa para o desenvolvimento de um arsenal nuclear.