Carmen Souza arrisca uma via mais lusófona, de raiz

Ainda com Epistola a soar aos nossos ouvidos, Carmen Souza e Theo Pascal dão este domingo a ouvir no CCB (às 21h) temas do novo disco que aí vem.

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Carme Souza & Theo Pascal, o duo mágico de Epistola DR

É mais um nome forte no Misty Fest. Este domingo, Carmen Souza e Theo Pascal, o duo mágico de Epistola, apresentam no pequeno auditório do CCB, em Lisboa, às 21h, temas do seu novo disco, já gravado mas cujo lançamento só deverá ocorrer no primeiro semestre de 2017. Epistola, editado em 2015, foi lançado em Portugal em 23 de Janeiro deste ano, num concerto único na Culturgest. Mas o actual concerto será diferente, diz Carmen Souza ao PÚBLICO. “Desta vez vamos em trio em vez do quarteto, teremos connosco o baterista moçambicano Elias Manolios e vamos apresentar alguns temas do próximo álbum, que já está gravado e pronto para sair. Vai ter muitas surpresas.”

Nascida em Lisboa, em 1981, numa família cabo-verdiana, Carmen Souza começou por cantar gospel, vindo a ser influenciada, no canto, por vozes como as de Ella Fitzgerald, Billie Holiday ou Nina Simone. Em nome próprio, já com o contrabaixista português Theo Pascal, gravou Ess ê nha Cabo Verde (2005), Verdade (2008), Protegid (2010), Kachupada (2012) e dois ao vivo, London Accoustic Set (2012) e Live at Lagny Jazz Festival (2014, com DVD). Epistola (2015) foi o primeiro disco gravado em nome do duo e abria com Cape verdean blues, um tema de Horace Silver (1928-2014), pianista e compositor americano de origem cabo-verdiana. Um instrumental para o qual Carmen escreveu uma letra. “O Horace Silver é uma grande influência para mim, quase que me revejo no seu trabalho, porque nos anos 60 ele estava a fazer exactamente isto: misturar a música de Cabo Verde com o jazz. E tem composições que são fora deste mundo!”

Carmen diz que os discos são como fases da sua vida. Ouve-os e consegue identificá-las. “O Epistola surgiu numa altura em que queríamos experimentar coisas novas, que a nossa música estivesse cada mais livre, tivesse mais improvisação, mais espaço, uma instrumentação diferente. E este próximo disco é completamente diferente do Epistola. Agora estamos virados para uma música mais lusófona, mais de raiz, em que fomos buscar ritmos tradicionais, desde o funaná à marrabenta de Moçambique, ao Brasil.”

Se Epistola se baseava muito na improvisação e no jazz, o ambiente do novo disco (onde Carmen canta em crioulo mas também em inglês ou em português do Brasil) será outro. “Estamos a valorizar cada nota que damos e a minimizar aquilo que vivemos. Antes havia um diálogo constante entre os músicos, agora é mais ouvir e sentir.”

O novo repertório já começou a ser apresentado ao vivo. Num concerto no Cairo, em finais de Outubro, e no primeiro concerto dado no âmbito do Misty Fest, em Espinho, dia 4 de Novembro. Na noite de dia 12 estarão na Casa da Música, no Porto, às 22h.

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