Quando o tronco vale mais do que as pernas

Miller ganhou os 400m ao mergulhar para a linha de meta. Os pés ficaram para trás, mas isso não interessa nada.

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Miller (pista 7) venceu porque o tronco passou primeiro a meta Reuters
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"Nunca tinha feito isto", disse Miller Reuters
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Imagem da Omega que mostra como a atleta foi a primeira AFP PHOTO / OMEGA
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AFP PHOTO / OLIVIER MORIN
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"Tenho cortes e queimaduras. Isto dói", disse a atleta das Bahamas AFP PHOTO / Adrian DENNIS

Numa corrida de 400 metros as pernas e os pés são o motor para a vitória, mas há uma altura peculiar em que podem não ser o mais importante. Que o diga Shaunae Miller, atleta das Bahamas, que se sagrou campeã olímpica dos 400 metros com raro mergulho para a meta, impedindo a americana Allyson Felix de se tornar a primeira mulher a conseguir cinco medalhas de ouro no atletismo olímpico.

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Nos metros finais da corrida, Miller seguia na frente mas Felix vinha em recuperação e parecia ter tudo para ganhar. Só que a atleta das Bahamas lançou-se em mergulho sobre a meta e venceu. As imagens mostram que o tronco de Miller passou primeiro a meta, da mesma forma que mostram que o corpo de Felix já estava todo para lá da meta numa altura em que os pés da atleta das Bahamas ainda não tinham passado a meta.

É que as regras dizem que o cronómetro pára quando tronco de um atleta passa a meta. “Os atletas serão classificados pela ordem por que qualquer parte do seu corpo (isto é o tronco e nunca a cabeça, o pescoço, braços, pernas, mãos e pés), atinja o plano vertical que passa pela margem interna da linha de chegada”, diz o artigo 164 das regras de competição da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

“Nunca tinha feito isto. Tenho cortes e queimaduras. Isto dói”, contou Miller, de 22 anos, citada pela AFP. “Foi uma reacção do momento. Não sei o que se passou. A minha mente ficou vazia e dei por mim deitada no chão. Não sabia se tinha ganho”, disse ainda a atleta das Bahamas, campeã do mundo júnior em 2010, acrescentando que esta vitória é uma prenda para o pai, que faz anos nesta terça-feira.

Felix, por sua vez, estava desolada. “É uma decepção”, disse. “Queria mesmo esta medalha”, acrescentou a americana, que foi parca em comentários sobre o mergulho que deu a vitória à adversária. “Regras são regras”, limitou-se a dizer a mulher que ainda assim é a atleta americana mais medalhada em Jogos Olímpicos, com sete pódios: quatro de ouro (200m em 2012, estafeta 4x400 em 2008 e 2012 e estafeta 4x100m em 2012) e três de prata (além do pódio desta segunda-feira, os 200m em 2004 e 2008). E ainda pode conquistar mais uma no Rio 2016, nos 4x400m.

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