“A amizade mantém-te quente”, diz Glen Sewell. Há 32 anos que este australiano não perde uma sessão do clube de natação de Inverno a que pertence. Ou seja, no dia e na hora marcados, Sewell apareceu sempre, para mergulhar e nadar nas águas frias das piscinas naturais que se formam nas rochas costeiras junto à capital Sidney. No seu clube, os Marouba Seals, é o único com assiduidade plena. A amizade a que se refere parece ser também o que consegue juntar tantas pessoas nesta actividade desportiva. Trata-se de uma espécie de fraternidade de nadadores de Inverno, que mergulham ao domingo de manhã nestas águas frias, e que conta com cerca de 5 mil membros divididos por clubes com nomes como Coogee Penguins ou Clovelly Eskimos. A água encontra-se normalmente a 15 graus, e fora de água a temperatura pode ser mais baixa em alguns dias. Os clubes não são dominados pela competição e a média de idades pode ser alta. Joy Marsden, 73 anos, nada com os Clovelly Eskimos há 12. É a mais velha deste clube e neste momento está a recuperar de uma cirurgia reconstructiva ao joelho. Por outro lado, Rata Hinga já faz parte dos Coogee Penguins há 40 anos. No entanto, esta australiana de 80 anos só começou a nadar depois da reforma. “Não sou uma campeã de natação mas é saudável e bastante revigorante. Estimula a circulação sanguínea e eu preciso disso”, explica. Com uma coisa todos concordam: o mais complicado é sair da cama numa manhã de Inverno. Nessas alturas lembram-se do lema - “diversão e amizade” - e isso fá-los enfrentar os dias frios e ventosos de Inverno até à água.