“House in Bonfim”, a reconstrução minimal que casou betão e madeira

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A lateral castanha enferrujada da casa vizinha foi uma espécie de ponto de partida para a inspiração "cromática". Na "House in Bonfim", o arquitecto Mário Sequeira, do gabinete AZO Sequeira Arquitectos, trabalhou com uma mistura de três tons — o castanho, o branco e o cinza — e mostrou que "usar materiais em estado bruto" é uma aposta vencedora. Estávamos em 2013 quando uma família com um filho e uma certeza o contactou: queriam ter pelo menos mais um bebé e, por isso, precisavam de uma casa com vários quartos. Quando no final de 2015 a moradia situada na freguesia do Bonfim, perto da Praça Velásquez, no Porto, ficou concluída, a família já estava a aumentar. Mário Sequeira fez betão e madeira casarem — e os materiais parecem viver felizes para sempre. Numa linha minimal — aqui mostrada nas fotografias que Nelson Garrido (fotojornalista do PÚBLICO) fez para o atelier —, a casa apresenta-se quase toda com superfície branca. Destaca-se pelos espaços amplos repartidos em 450 metros quadrados. Pela imensa luz. Do edifício anterior, um centro de acolhimento a toxicodependentes construído nos anos 70, aproveitou-se "uns 10%, talvez". "A casa tinha uma volumetria interessante. Houve apenas um aproveitamento de alguns elementos estruturais de base", contou ao P3 o arquitecto, que concluiu a licenciatura em 2001. A reconstrução — que quer ser um "registo histórico" da arquitectura do início deste século — deu origem a uma casa de quatro pisos, com três dos quartos concentrados nos dois andares superiores; uma sala de música, uma zona de trabalho e um quarto de hóspedes no piso intermédio; e uma cozinha, uma zona de refeições e sala de estar no piso térreo. A envolver todo o edifício há um jardim e na parte traseira guardou-se também lugar para uma garagem. Situada numa rua com várias moradias de diferentes anos, a "House in Bonfim" não destoa, garante o arquitecto: "A rua tem alguns edifícios de arquitectura interessantes, com reconstruções de épocas muito distintas." O gabinete AZO foi fundado em 2007 por Mário Sequeira e conta já com oito trabalhadores. A habitação tem ocupado a maior parte do tempo dos arquitectos, mas ao atelier chegam também projectos de hotelaria, de serviços e comerciais. Além de Portugal, os bracarenses têm um correspondente em Moçambique e outro em Angola e estão a fazer trabalhos para Gibraltar. Em breve, chegam ao mercado francês. M.C.P.