Portugal e Rússia vão renovar acordo de colaboração económica

Após visita a Moscovo, Santos Silva diz que um acordo económico melhorado com a Rússia é uma oportunidade a ser aproveitada ainda em 2016.

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Vasily MAXIMOV/AFP

"O ministro [dos Negócios Estrangeiros russo Sergei] Lavrov aceitou o convite para visitar Lisboa em 2017", disse Augusto Santos Silva à Lusa, após uma visita de trabalho a Moscovo na segunda-feira.

O governante contou que uma das questões em discussão na reunião que manteve com o seu homólogo russo em Moscovo foi a cooperação económica e técnica bilateral, que é regida por um acordo-quadro que tem três décadas. Na última reunião da comissão mista entre Portugal e Rússia, que decorreu em Lisboa a 29 de Junho, "foi decidido acelerar o processo de revisão desse acordo e a assinatura de um novo acordo de cooperação".

"Ontem estabelecemos que esse acordo teria de ser concluído ainda durante este ano de 2016", acrescentou nesta terça-feira o ministro português.

Augusto Santos Silva recordou que as exportações portuguesas para a Rússia sofreram um abalo após a imposição de sanções europeias à Rússia, por causa da ocupação da Crimeia e dos acontecimentos na Ucrânia, e da consequente retaliação russa, que impôs um embargo a produtos europeus que vigora até 2017.

"Portugal alinha completamente pela decisão europeia. Mas no capítulo bilateral há muita margem para progressão nas relações entre os dois países", afirmou o ministro, que disse haver já "algum crescimento no sector do turismo".

Acrescentou ser preciso olhar "com cuidado para o mercado russo e para as oportunidades" que ele apresenta, nomeadamente para a participação portuguesa na Taça das Confederações, na Rússia em 2017, a que Portugal acedeu após ganhar o campeonato europeu de futebol. "Temos de aproveitar este facto, que dá uma visibilidade de Portugal no mercado russo como poucos outros", alertou.

Outra questão em discussão entre Santos Silva e Lavrov foi a candidatura de António Guterres a secretário-geral da Organização das Nações Unidas, tendo o ministro português sido portador de uma carta do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, para o seu homólogo russo, Vladimir Putin, sobre o assunto. "Entreguei, através de Lavrov, uma carta do Presidente da República para o Presidente Putin no sentido de justificar, valorizar e pedir o apoio para a candidatura de António Guterres", disse.

Segundo Santos Silva, a Rússia considera que, desta vez, compete ao grupo da Europa de Leste ter um secretário-geral e por isso Lavrov "está comprometido em primeira linha com essa possibilidade", mas se essa hipótese não se verificar, Moscovo está livre para apoiar o melhor candidato. "Lavrov tem dito e repetiu que considera Guterres um excelente candidato", acrescentou.

O ministro português sublinhou ainda o crescente interesse na Rússia pela língua portuguesa como língua de negócios e as relações culturais entre os dois países, referindo haver neste momento "um ciclo muito positivo". "A Rússia é o país tema da programação da Casa da Música, no Porto, em 2016, e o museu do Kremlin prepara uma grande exposição de artes plásticas para 2017, tendo em conta a arte portuguesa do tempo das descobertas", exemplificou.

Os dois ministros discutiram ainda questões de política internacional, tendo Santos Silva explicado que Portugal, como a UE e a NATO, defende "uma abordagem de duplo carril das relações com a Rússia: por um lado firmeza, e por outro diálogo político". Referindo temas como o terrorismo ou a instabilidade regional no Médio Oriente e o Norte de África, o ministro afirmou: "Um diálogo político entre a UE e a Federação Russa e um diálogo político entre a NATO e a Federação Russa parecem-nos muito importantes."

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