Abstenção de 51,16% é a maior em eleições para primeiro mandato na presidência

Percentagem só foi superior em eleições para segundo mandato. Fica abaixo dos 53,48% da reeleição de Cavaco Silva, mas supera significativamente os 38,47% registados em 2006.

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A participação provisória medida ao longo do dia fazia prever este desfecho. Com uma taxa de abstenção de 51,16%, as eleições presidenciais de 2016, que decidiram o sucessor de Cavaco Silva, tiveram maior participação que as de 2011, mas menor quando o termo de comparação é a votação de 2006. Esta é a segunda menor taxa de participação numas eleições para a Presidência em mais de quatro décadas de democracia.

É também a oitava vez que a abstenção supera a barreira dos 50% em eleições em Portugal e a terceira vez em eleições para a Presidência da República portuguesa. As restantes cinco verificaram-se sempre em eleições para o Parlamento Europeu, que têm registado consistentemente taxas de abstenção acima de 60% desde 1994.

As outras duas votações para Chefe de Estado em que menos de metade dos portugueses se dirigiu às urnas foram em 2011, na reeleição de Cavaco Silva, e em 2001, quando Jorge Sampaio derrotou Ferreira do Amaral para se manter a Belém.

Em comum, estas votações têm o facto de se tratar de reeleições, ao contrário do que sucedeu neste domingo. O acto eleitoral registou, portanto, a maior abstenção em eleições para o primeiro mandato na Presidência da República. Autárquicas e legislativas sempre tiveram a participação de mais de metade dos eleitores recenseados.

Uma pequena parte da percentagem da abstenção vem de uma freguesia na Trofa, que boicotou o acto eleitoral em protesto pela construção da linha do metro.

A população da freguesia do Muro reivindica a construção de uma linha do metro desde que, em 2002, a ligação ferroviária foi encerrada para lhe dar lugar. A extensão da linha do Instituto Superior da Maia (ISMAI) do Metro do Porto até à Trofa nunca veio a acontecer.

O presidente da Junta de Freguesia do Muro, Carlos Martins, disse neste domingo à agência Lusa que não existiam “condições para realizar o acto eleitoral porque os locais de voto estão preparados, mas as pessoas que acompanham o acto não compareceram, assim como não aparecem eleitores". 

Depois de a população do Muro ter boicotado as eleições a 23 de Janeiro de 2011, que viriam a reeleger Cavaco Silva, voltou a não participar no acto eleitoral que se repetiu a 25 de Janeiro, a terça-feira seguinte. Nas eleições Europeias de 2014 o boicote voltou a acontecer.

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