Há quem se refugie na Cannabis, mas sem a consumir

Homens, mulheres e famílias inteiras fogem da Síria para trabalhar em campos de cultivo de Cannabis, no Líbano. Correm risco de morte, caso sejam identificados pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas recebem dinheiro suficiente para ajudar os familiares.

Reuters/Alia Haju
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Dentro de uma garagem no Vale do Beqaa, no Líbano, uma mulher e um rapaz de 13 anos separam as folhas dos ramos de várias pilhas de Cannabis. São ambos refugiados muçulmanos de Raqqa – cidade síria sob controlo do Estado Islâmico – e membros de uma família que fugiu nos últimos anos para a aldeia libanesa. Apesar de ilegal, cultivar Cannabis pode ser um negócio lucrativo. De acordo com Shariff, proprietário de terras e produtor de Cannabis, enquanto que um trabalho normal no Líbano oferece 700 dólares por mês (cerca de 640 euros), ao trabalhar com drogas consegue fazer até 10 mil dólares (cerca de 9 mil euros) por dia. Num dos campos, uma mulher de 29 anos cobre o seu rosto com um cachecol para não ser reconhecida. “Foi muito difícil fugir de Raqqa”, conta. Abandonou a Síria com o filho mais novo, de cinco anos, para se juntar aos avós e primos que trabalham nos campos de Cannabis. Recebe cerca de 14 euros por dia, o que lhe permite enviar algum dinheiro para ajudar a sua família. A sensação de liberdade também é outra. "Em Raqqa, tenho de estar tapada de cima para baixo, nem posso mostrar os olhos", conta, com um véu na cabeça, jeans e top comprido. "Se saísse com o que estou a usar agora, iria levar algumas chicotadas de apoiantes do Estado Islâmico”. Há já alguns anos que migrantes abandonam a Síria durante uns meses para trabalhar em campos de cultivo da famosa erva. Desde o aparecimento do Estado Islâmico, esta é uma actividade que os pode colocar em perigo e até em risco de morte, porque trabalhar ou consumir drogas e álcool é considerado pecado no Islão. "Se o Estado Islâmico no nosso país souber que trabalhamos com haxixe, somos esfaqueados”, diz Aisha, com 15 anos.

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