À saúde da música

A música é um bastião da multiculturalidade e da vida. Não será o terrorismo, a intolerância, o preconceito, o ódio, o racismo ou a ignorância a derrubá-la

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Robert Dickow/Unsplash

Sentir uma sensação de exaltação interior, acompanhada de um arrepio incontrolável espinha acima que transborda energia por todos os nossos poros, alegrando-nos o espírito. Que incrível sensação! Este é o poder da música, em todo o seu esplendor, capaz de reverberar tantas sensações e emoções em cada um de nós. Escrevo sobre o sentido lato da música.

Nós, os que pautamos o quotidiano ao ritmo reconfortante e estimulante da música, reconhecemos-lhe uma relevância insubstituível nas nossas vidas. A nossa relação com a música é especial porque ela nos acompanha, compreende, completa, relaxa, reconforta, anima, amadurece, ensina, fortalece, exalta, acicata, motiva e dá prazer… Serve-nos de escape e refúgio nas horas difíceis, sem deixar de nos dar pica em momentos de grande alegria. Alimentamos o nosso estado de espírito com música, o que tem tanto de subversivo como de deslumbrante e aliciante, porque encontramos nela momentos de pura inspiração.

É curioso que a música consiga ser, ao mesmo tempo, simples e complexa, terrena e transcendente, atual e intemporal, individual e coletiva. Esta ambivalência encanta-nos e aproxima-nos desta arte tão nobre e excelsa. Sem querer abusar do lirismo, a música é mágica por ser a expressão melódica e rítmica dos sentimentos e emoções do seu público-alvo. Tal como afirmou Platão, “a música dá alma ao universo, asas à mente, voo à imaginação e vida a tudo.” Mais delicadamente, Maria Bethânia diz que “música é perfume.” E eu concordo.

A música é um bastião da multiculturalidade e da vida. Não será o terrorismo, a intolerância, o preconceito, o ódio, o racismo ou a ignorância a derrubá-la. No Le Bataclan, por exemplo, ousaram atentar contra a música e cultura, através de um ataque cruel e desumano à liberdade e à vida. Laceraram uma das mais memoráveis experiências musicais – assistir a um concerto ao vivo. Mas, por muitos danos que sofra, a música elevar-se-á. À ferida pungente, responderá a força visceral da música e da liberdade. “The show must go on.”

Graças a todos nós – dos criadores aos consumidores – a música perpetuar-se-á. Não é coisa para ser derrubada ou apagada porque, na sua essência, a música é uma fonte inesgotável de boas sensações e de experiências emocionais à espera de acontecerem. Sendo uma expressão artística e cultural que perpassa gerações e fronteiras, a música é uma das formas de comunicação e união global mais transversal e eficaz. Preservemo-la.

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