Morreu o pioneiro da electrónica alemã Dieter Moebius

“A música que deixou é linda”, resumiu Erol Alkan. Aos 71 anos, desapareceu um dos membros dos grupos Kluster/Cluster e Harmonia.

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Dieter Moebius dr

A notícia foi dada primeiro pelo seu amigo, vizinho e companheiro de banda nos Harmonia, Michael Rother, que anunciou o desaparecimento de Moebius na sua página de Facebook (Rother estará, aliás em concerto em Portugal nos próximos dias - sábado no festival Milhões de Festa, segunda na Galeria Zé dos Bois). Seguiu-se a confirmação da página oficial do duo musical que mantinha com Hans-Joachim Roedelius, os Cluster, que também lamentou a morte do músico. Não foi avançada a causa da morte.

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A notícia foi dada primeiro pelo seu amigo, vizinho e companheiro de banda nos Harmonia, Michael Rother, que anunciou o desaparecimento de Moebius na sua página de Facebook (Rother estará, aliás em concerto em Portugal nos próximos dias - sábado no festival Milhões de Festa, segunda na Galeria Zé dos Bois). Seguiu-se a confirmação da página oficial do duo musical que mantinha com Hans-Joachim Roedelius, os Cluster, que também lamentou a morte do músico. Não foi avançada a causa da morte.

Um dos pioneiros do krautrock e da electrónica, o teclista nascido na Suíça fez a sua carreira entre sintetizadores e a pesquisa de arranjos minimais. “Destemido pioneiro do free rock electrónico, e simplesmente destemido”, escreveu no Twitter o músico Luke Haines. “A música que deixou é linda”, resumiu Erol Alkan, que partilhou um vídeo de Caramel, do álbum Zuckerzeit (1974) dos Cluster. Era já a segunda encarnação da primeira aventura musical de Moebius – o jovem estudante de arte chegou a Berlim Ocidental vindo da universidade em Bruxelas e, no final dos anos 1960, conheceu Hans-Joachim Roedelius, bem como Conrad Schnitzler, dos Tangerine Dream.

Desse encontro no clube nocturno, o Zodiak Free Arts Lab – aliás fundado por Roedelius e Schnitzler –no bairro de Kreuzberg, nasceram os Kluster em 1969. Já na década seguinte tornar-se-iam os Cluster após a saída de Schnitzler (que morreu em 2011) e que continuaram a fazer música até há cinco anos. Entre os seus 11 álbuns de originais houve um percurso da abrasão do krautrock para a música ambiental, transformação visível nos influentes Zukerzeit (1974) ou Sowiesoso (1976), embora tanto Roedelius quanto Moebius não se reconhecessem directamente no rótulo do krautrock, como disseram numa palestra da Red Bull Music Academy em 2010. Seguem-se-lhe Cluster & Eno (1977) e After the Heat (1978, também com Eno).

Os Harmonia nascem do duo Moebius-Roedelius e sua junção ao membro dos Neu! Michael Rother, recebendo mais tarde novamente Brian Eno para mais colaborações. A história do encontro dos músicos com o ex-Roxy Music é, aliás, curiosa nas vozes de Moebius e Roedelius. Ele veio apresentar-se no intervalo de um concerto dos Harmonia, contou Roedelius em Londres em 2010, e “convidou-se para se juntar a nós no palco”, completou Moebius. “Pensámos ‘Oh, temos de o ter no nosso palco?’”, riu-se. Dois anos depois, Eno respondeu ao convite para se lhes juntar em estúdio quando os Harmonia já se tinham separado.

Além dos Harmonia e dos Cluster, Moebius, tido como experimentalista, foi um prolífico compositor, editando 17 álbuns a solo, o mais recente dos quais, Nidemonex, editado em 2014. Os Cluster actuaram em Portugal em Junho de 2010, na Casa da Música, no Porto.

Moebius teve influência e formação musical na área da clássica – a mãe era pianista – e no final dos anos 1960 tocava saxofone. O rock ‘n’ roll entrou na sua vida com Chuck Berry ou os Velvet Underground – e era um fã de David Bowie nos anos 1970. Em Berlim, estava frequentemente em manifestações e com os seus grupos musicais aventurou-se no design gráfico desenhando as capas de alguns álbuns. Sobre a electrónica que aconteceu nos últimos anos, disse à revista Frieze (associada à feira de arte contemporânea londrina) em 2012: “Não ouço música electrónica. Nem sequer ouço a minha música, uma vez acabada”. Mas mais uma vez em Londres, Moebius reconheceu o trabalho de alguns músicos que vê nos festivais para os quais os Cluster eram convidados, mas também lamentou o uso de alguns de "programas" que fazem com que a música, opinou, não seja "tão profunda e calorosa".
 

Notícia corrigida às 11h43 - grafia do nome de Michael Rother