Algarvemiei-me

Bastaram quatro dias de praia no Sotavento do Algarve. Via os algarvios, ao entrar num Atlântico com 24 graus, a tremerem e murmurarem: "Ai, que fria que a água está..." Ri-me. Pois sim. Foi o riso dos condenados: sei-o hoje.

Morando felizmente em Almoçageme, sempre me dei bem, na Praia da Adraga, na Praia Grande e na Praia das Maçãs, com as temperaturas entre os 17 e os 20 graus. Com o mar batido nem se dava pelo frio. A frescura e a limpeza das águas eram a mesma coisa. Até anteontem.

Regressado do morno Algarve de Monte Gordo não fui capaz de habituar sequer os pés ao relativo gelo do mar de Colares. À custa de 4 meros dias de morna e deliciosa algarviada sumiram-se 4 anos valentes de celebração do mar das praias de Sintra. Desabituei-me. Fiquei mal habituado. Vem dar ao mesmo. "Tudo é relativo", por parecer banal, foge à verdade, igualmente precisa e essencial, que diz que "nada há no mundo que não seja relativo". A temperatura da água do mar (para não falar na ausência do medo de morrer por causa dos agueiros e das ondas quebra-costas) é uma medida de segurança, paz e prazer.

No Algarve todas as praias são simples, sincera e objectivamente melhores. E mais: as outras praias portuguesas podem ser muito bonitas e interessantes e o raio-que-as-parta. Mas não são praias sempre boas, desde o princípio da manhã até à escuridão da noite. De Tavira a Monte Gordo é o paraíso. Perdoem-me, Cascais, Sintra e a Costa Vicentina, por não mentir.

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