Técnicos denunciam fecho de duas bases do INEM em Lisboa por falta de meios

Instituto diz ter "encerrado" duas ambulâncias na Baixa de Lisboa e reorganizado todo o dispositivo na sequência da greve às horas extraordinárias. Sindicato diz que decisão pode colocar vidas em perigo e apresenta queixa-crime.

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A morte foi declarada no local pelo INEM Nelson Garrido

“São bases que tinham uma média de 400 saídas por mês. Não é possível prescindir dessas bases”, diz Rui Gonçalves, representante da comissão de trabalhadores do INEM. Já o presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), Ricardo Rocha, alerta que o socorro pode ficar “afectado” na capital e que, “em alguns casos, poderão vir a estar em causa as vidas de doentes”, razão pela qual o sindicato vai apresentar queixa-crime contra o presidente do INEM, Paulo Campos. A partir do dia 24, a greve estende-se a todo o país.

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“São bases que tinham uma média de 400 saídas por mês. Não é possível prescindir dessas bases”, diz Rui Gonçalves, representante da comissão de trabalhadores do INEM. Já o presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), Ricardo Rocha, alerta que o socorro pode ficar “afectado” na capital e que, “em alguns casos, poderão vir a estar em causa as vidas de doentes”, razão pela qual o sindicato vai apresentar queixa-crime contra o presidente do INEM, Paulo Campos. A partir do dia 24, a greve estende-se a todo o país.

Desde as zero horas de segunda-feira que a base Lisboa 8 localizada no quartel dos Sapadores de Lisboa e a base Lisboa 9, na antiga sede do INEM, foram fechadas, garantem os técnicos. O INEM, porém, diz que encerrou “temporariamente duas ambulâncias de Emergência Médica, mantendo todas as bases em funcionamento”. Para os técnicos, a diferença de linguagem é clara. “É um clássico com este presidente. Está a socorrer-se do português para dizer a mesma coisa. As bases são as ambulâncias”, esclareceu Rui Gonçalves.

“Face aos últimos acontecimentos, o INEM reorganizou todo o dispositivo de forma mais adequada para que a população da Grande Lisboa continuasse a ser apoiada no socorro”, explicou o instituto dando conta de que o fez com base em “casuística” e para reduzir a “necessidade de prestação de horário extraordinário”. O instituto, que garante a estar a funcionar a “100%”, diz ainda que “na prática não foram encerradas essas funcionalidades”, por terem sido destacadas para essas bases ambulâncias de outras. Só não explica que ambulâncias ficaram nessas.

Para os técnicos, a prontidão poderá estar em causa. Rui Gonçalves e Ricardo Rocha dão conta de que na semana passada o Centro de Orientação de Doentes Urgentes, que recebe as chamadas dos cidadãos em apuros, teve tempos médios de espera “de cerca de 40 minutos” até que uma ambulância estivesse disponível para ser enviada. “Isso nunca aconteceu. Alguém ligou a pedir ajuda e esperou 40 minutos para que ambulância fosse para o local”, lamenta Ricardo Rocha.

Durante este período, em que os técnicos recusam a realização de horas extraordinárias, “Duas ou três ambulâncias ficam paradas por dia”, adianta o representante da comissão de trabalhadores.

O reajustamento do dispositivo em Lisboa, onde existem mais 20 bases do INEM a funcionar 24h ou 16h por dia, implicou ainda a redução de horário em cinco delas, segundo dados do STAE. O INEM, contudo, sublinha ter à disposição os meios de bombeiros, Cruz Vermelha e ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) tripulada por um enfermeiro. “O presidente do INEM decide encerrar bases por falta de meios e investe numa tipo ambulância SIV que só deve ser instalada no interior. Lisboa tem oito viaturas médicas. Não precisa de uma com um enfermeiro. Isso é uma forma de atacar os técnicos”, acusa Ricardo Rocha.

Quanto às exigências dos técnicos, o INEM diz que estão a ser respondidas e “estranha” o protesto. Aliás, lembra que há um concurso para a entrada de 85 técnicos. Os profissionais reivindicam uma carreira de técnico de emergência pré-hospitalar e contestam o excesso de horas extraordinárias.