UE e NATO preocupadas com violência na Macedónia

Confrontos entre polícia e grupo armado albanês fizeram 22 mortos durante o fim-de-semana.

Foto
Confrontos nos subúrbios de Kumanovo deixaram várias casas destruídas Armend Nimani / AFP

A violência entre sábado e domingo fez 22 mortos e mais de trinta feridos. O ataque foi atribuído a ex-membros de uma organização nacionalista albanesa, de acordo com as autoridades locais.

Um grupo de três dezenas de homens armados envolveu-se em confrontos com a polícia nos subúrbios de Kumanovo, perto da fronteira com o Kosovo e a Sérvia, no sábado. As forças de segurança tiveram dificuldade em controlar os acontecimentos e apenas no domingo à noite é que foi anunciada a neutralização do grupo armado.

Os combates transformaram os arredores da segunda maior cidade macedónia num autêntico cenário de guerrilha urbana, como descreveu o correspondente da AFP. A polícia foi reforçada com unidades de elite para conter a violência. Dezenas de moradores da zona – maioritariamente habitada por albaneses muçulmanos – fugiram aos combates e quando regressaram depararam-se com um cenário de destruição.

As mais de 24 horas de violência fizeram 22 mortos, oito polícias e 14 membros do grupo por trás do ataque. A polícia identificou os atiradores como operacionais de um “grupo terrorista particularmente perigoso”, proveniente de “um país vizinho”. Entre os trinta responsáveis pelo ataque, a maior parte tem nacionalidade macedónia, cinco são do Kosovo e um da Albânia – a polícia designou estes seis apenas como albaneses, em virtude do não reconhecimento do Kosovo por Skopje. Foram declarados dois dias de luto nacional em todo o país.

Numa declaração ao país no domingo, o Presidente da Macedónia, Gjorge Ivanov, disse que as forças policiais “impediram ataques terroristas coordenados em diferentes locais no país, que poderiam causar uma grave desestabilização, caos e medo”. A Sérvia reforçou a segurança nas zonas fronteiriças.

O porta-voz da polícia, Ivo Kotevski, revelou que os autores do ataque são antigos membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) albanês, que em 2001 combateu durante seis meses as forças militares macedónias. O ELN foi extinto na sequência dos Acordos de Paz de Ohrid, mas, num país de dois milhões de habitantes em que um quarto é de etnia albanesa, os episódios esporádicos de violência não cessaram.

Em Abril, por exemplo, um grupo de cerca de 40 albaneses do Kosovo tomaram a sede da polícia de uma cidade fronteiriça, com a exigência de criação de um estado albanês no país.

As notícias dos confrontos em Kumanovo deixaram em sobressalto as capitais europeias, que temem o regresso da violência aos Balcãs – região assolada por conflitos assentes sobre linhas étnicas e nacionais. Quase de imediato foram emitidas declarações de Bruxelas e da NATO.

O comissário europeu para o Alargamento, Johannes Hahn, pediu “contenção máxima” a todos os actores envolvidos e sublinhou que “qualquer subida de tensão deve ser evitada”. É politicamente significativo que tenha sido o responsável pela pasta do alargamento do bloco europeu a reagir – e não, por exemplo, a titular da Política Externa, Federica Mogherini. A Macedónia encontra-se em processo de negociação para integrar a União Europeia e desde 2005 que tem o estatuto de Estado-candidato. Skopje tem igualmente a pretensão de integrar a NATO, cujo secretário-geral, Jens Stoltenberg, emitiu uma reacção semelhante à da Comissão.

Sugerir correcção
Ler 16 comentários