Leonardo regressa a Milão

A primeira retrospectiva que Itália dedica ao mestre do Renascimento desde 1939 fica aberta até 19 de Julho.

La Belle Ferronière, Leonardo da Vinci
Fotogaleria
La Belle Ferronière, Leonardo da Vinci, 1490-1496 Museu do Louvre
Fotogaleria
Estudo para Virgem e o Menino com um Gato, Leonardo da Vinci, c.1478-1480 DeAgostini Picture Library/Scala, Florença
Fotogaleria
Lady with primroses, Andrea del Verrocchio, c. 1475 Bargello National Museum
Fotogaleria
Adoration of the Magi, Domenico Ghirlandaio, 1487 Galeria dos Uffizi
Fotogaleria
Madonna Dreyfus, Leonardo da Vinci, c.1469 Washinton National Gallery
Fotogaleria
São Jerónimo, Leonardo da Vinci, c.1482 Museus do Vaticano
Fotogaleria
Studies of scytched chariots,Leonardo da Vinci DeAgostini Picture Library/Scala, Florença
Fotogaleria
La Fortezza, Sandro Botticelli, 1470 Galeria dos Uffizi
Fotogaleria
Battaglia de Anghiari, cópia de pintor do século XVI Galeria dos Uffizi
Fotogaleria
São João Baptista, Leonardo da Vinci, 1513-16 Museu do Louvre

Está a ser apresentada como a mais ambiciosa das exposições que Itália já dedicou a Leonardo da Vinci, e como a primeira retrospectiva desde 1939, o ano da guerra. Leonardo 1452-1519. O desenho do mundo reúne até 19 de Julho no Palácio Real de Milão um conjunto impressionante de pinturas, desenhos e manuscritos do mestre da Renascença, mas também trabalhos de artistas seus contemporâneos que ajudam a traçar o percurso deste homem que se dedicou como poucos à arte e à ciência, revolucionando-as.

Engenheiro, cientista, escultor, cenógrafo e pintor prodigioso, Leonardo da Vinci encontra nesta exposição um retrato da sua trajectória multifacetada, garante o diário italiano La Repubblica. Dividida em 12 núcleos temáticos, uns dedicados à actividade científica, centrando-se na astronomia, na anatomia ou nas suas invenções, outros ao domínio das artes, Leonardo 1452-1519 propõe ainda módulos de cruzamento com referentes mais genéricos e, por isso, mais abrangentes, com títulos como Realidade e Utopia, O Sonho ou A Unidade do Conhecimento. A fechar, como se os núcleos anteriores não fossem já disso reflexo, uma secção dedicada à “criação do mito” Leonardo.

A Mona Lisa do Museu do Louvre, em Paris, não está entre as centenas de obras que podem ser vistas nos próximos meses em Milão, nem A Anunciação das Galerias dos Uffizi de Florença, mas a exposição do Palácio Real promete não desapontar, tendo reunido importantes obras de Leonardo, como São João Baptista (1513-1516, Louvre), La Belle Ferronnière (1493-95, Louvre), Homem de Vitrúvio (c. 1490, Galeria da Academia de Veneza), Madonna Dreyfus (1475-1480, National Gallery de Washington) e São Jerónimo (1480, Museus do Vaticano), mostradas ao lado de trabalhos de artistas que o influenciaram ou que eram seus contemporâneos, como Sandro Botticelli, Lorenzo di Credi, Filippino Lippi, Antonello da Messina, Andrea del Verrocchio, Della Robbia, Jan van Eyck, Domenico Ghirlandaio ou o arquitecto Donato Bramante.

Pintura, desenho (são mostrados cem, 30 dos quais da colecção real britânica), esboços, códigos, tratados e outros manuscritos do mestre encontram, assim, o seu contexto dentro e fora de Itália, permitindo ao visitante estabelecer comparações directas entre a sua produção e a de outros artistas, algo que, espera o comissário Pietro Marani, torne a exposição mais acessível a um público não-especializado.

As exposições retrospectivas do mestre da Renascença são raras, lembrou a também comissária da exposição Maria Teresa Fiorio à publicação especializada The Art Newspaper, porque a sua pintura, feita sobre madeira, é muito frágil, o que levanta grandes preocupações quanto à conservação das obras em viagem. E, se, por um lado, se torna quase impossível garantir o empréstimo por parte dos grandes museus que têm pinturas e desenhos de Leonardo nos acervos, por outro há que ter em conta a “armadilha” que o seu universo de criação representa para curadores e directores de instituições culturais: “É muito difícil lidar com a produção artística e intelectual de Leonardo sem cair em generalizações ou em ‘exposições-espectáculo’ centradas num só trabalho”, acrescentou ainda esta historiadora de arte especializada na renascença italiana.

“Estamos habituados a ver Leonardo como um génio percursor, mas esta é uma visão um pouco oitocentista […]. O que encontramos nesta exposição é um Leonardo que dá valor ao que lhe chega e o transforma”, defende Marani.

A mostra de Milão, uma espécie de tributo da cidade ao mestre que ali viveu quando trabalhava para o duque Ludovico Sforza, criando obras de arte e transformando o tecido urbano, tem agora a difícil tarefa de competir com a memória que deixou a exposição da National Gallery de Londres (2011) e que se chamava, precisamente, Leonardo da Vinci: Painter at the Court of Milan.

 

 

 

 

 

Sugerir correcção
Comentar