Cineclube do Porto celebra 70 anos com Pedro Costa e Manuel Mozos

Pedro Costa apresentará Onde Jaz o Teu Sorriso?, homenagem a Straub e Huillet.

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Onde Jaz o Teu Sorriso? DR

A 13 de Abril de 1945, a poucos dias da vitória aliada sobre a Alemanha nazi, um grupo de rapazes que se conhecia do liceu portuense Alexandre Herculano fundou, em casa de um deles, Hipólito Duarte, o Clube Português de Cinematografia, embrião do Cineclube do Porto (CCP). Nos anos 50, já dirigido por Henrique Alves Costa, era o maior cineclube do país, com 2.500 sócios, e um dos centros da cultura portuense de oposição ao regime.

Ainda que com percalços vários e períodos de menor actividade, o CCP chegou aos nossos dias sem nunca se extinguir e torna-se este mês um respeitável septuagenário. Para celebrar os seus 70 anos, está a promover uma campanha de angariação de novos sócios e a apresentar, na Casa das Artes, um conjunto de filmes de várias época e cinematografias. Nos dias 17 e 18, é o cinema português contemporâneo que estará em destaque, com a exibição de Onde Jaz o Teu Sorriso? (2001), a homenagem de Pedro Costa a Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, e do recente documentário de Manuel Mozos João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas que Eu Amei (2014). Em ambos os casos, as sessões serão apresentadas na Casa das Artes pelos próprios realizadores.

Mas as comemorações já se iniciaram ontem com a simbólica projecção do Fausto (1926) de F. W. Murnau, uma obra-prima do expressionismo alemão, com Emil Jannings no papel de Mephisto, que fora precisamente o filme escolhido para a primeira sessão do CCP, no dia 23 de Março de 1946. No dia 23, uma pérola não muito conhecida de Orson Welles, o divertido F For Fake (1973), homenagem a falsários célebres que não exclui o próprio cineasta, com o seu célebre relato de uma suposta invasão de marcianos. Para assinalar o 25 de Abril, o CCP escolheu Que Farei Eu Com Esta Espada? (1975), de João César Monteiro. Neste retrato do país, o cineasta recorre a cenas do Nosferatu de Murnau, estabelecendo assim um curioso laço com a sessão inaugural desta programação de aniversário, que fecha no dia 30 com O Desprezo (1963), de Jean-Luc Godard, uma reflexão sobre o cinema cujo enredo se inspira muito livremente no romance homónimo de Alberto Moravia. 

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