Não ceder ao terrorismo

O mundo vai ser um "melting pot" e é bom que valorizemos a multiculturalidade, porque dentro de 30 anos essa será a regra e não a excepção. E ainda bem

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Na mesma semana em que a Austrália nos deu o #illridewithyou, um fantástico exemplo de como lidar com o preconceito contra muçulmanos que os ataques terroristas levados a cabo por extremistas islâmicos podem causar, a Sony Pictures, nos Estados Unidos, mostrou-nos a pior forma de lidar com o terrorismo.

Durante os últimos dias assistimos às notícias de que os servidores da Sony tinham sido atacados por "hackers" a mando de Kim Jong-un, ditador Norte-Coreano que se sentiu muito ofendido pelo filme de comédia “The Interview”. Em primeiro lugar temos que analisar esta questão por partes, por um lado temos aqui um líder de um país com 25 milhões de pessoas e que, supostamente, tem bombas nucleares, mas fica aborrecido com um mero filme de Hollywood sobre a sua família e comete um crime internacional contra cidadãos da maior potência militar do mundo, atacando informaticamente e roubando muito material intelectual à Sony, que produziu o filme. Por outro lado, temos os diretores da Sony que, perante as ameaças dos terroristas de voltarem a atacar ou de divulgar para a imprensa o resto das coisas que roubaram durante o ataque, cedem e aceitam cancelar o filme “The Interview”.

Ora, há um motivo pelo qual o governo dos Estados Unidos costuma dizer que não negoceia com terroristas. É que a partir do momento em que cedemos a qualquer exigência de terroristas, eles ficam a saber que aquilo que estão a fazer funciona. Negociar nessas condições dá confiança ao terror. Por isso, Obama disse, nos últimos dias, que a Sony cometeu um erro grave em cancelar o filme e gostava que a Sony tivesse primeiro falado com o presidente dos Estados Unidos. Não nos devemos encolher perante o terrorismo. Não temos medo das suas técnicas de intimidação.

Não devemos ser racistas ou xenófobos por causa desses terroristas serem de uma cultura diferente da nossa. Devemos aprender com a lição que a Austrália nos deu e devemos abrir-nos à multiculturalidade, protegendo as pessoas de outras culturas da segregação. Só assim desarmamos o terrorismo e vencemos esta guerra. Em Portugal, projetos como o SPEAKe organizações como o Alto Comissariado para as Migrações tentam transformar a sociedade de forma a que passemos a aceitar e a valorizar as diferenças culturais.

O mundo vai ser um "melting pot" e é bom que valorizemos a multiculturalidade, porque dentro de 30 anos essa será a regra e não a excepção. E ainda bem.

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