Centenário da I Guerra Mundial no Cinanima

Festival de Cinema de Animação de Espinho começa esta segunda-feira e vai ter 21 estreias mundiais e 46 nacionais, após um número recorde de filmes inscritos.

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O Soldado Desconhecido, de Jérémie Malavoy, evoca o dia do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial DR

A memória do episódio de 11 de Novembro de 1918, dia do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial, mas que não dispensou o sacrifício de um último soldado, o francês Augustin Trébuchon, de 40 anos, é o tema de O Soldado Desconhecido, o filme do francês Jérémie Malavoy que abre esta segunda-feira à noite, oficialmente, o Cinanima 2014 - 38ª edição do Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.

A sessão oficial de abertura, às 21h30, na sala principal do Centro Multimeios será no entanto precedida de uma outra sessão especial, às 18h, em que será exibida a longa-metragem O Menino que Queria Ser Urso, do dinamarquês Jannik Hastrup, um histórico da animação europeia. Datado já de 2002, o filme narra a fábula de um bebé criado por uma mãe ursa.

Estes são duas longas-metragens extra-competição, num programa que apresentará 21 estreias mundiais e 46 nacionais, tendo a concurso 88 filmes seleccionados após mais um recorde de candidaturas na história do Cinanima.

O festival, um dos mais antigos na Europa e o único na Península Ibérica dedicado à arte da animação, vai decorrer até 16 de Novembro em vários espaços da cidade de Espinho, entre os quais Fórum de Arte e Cultura (FACE) e a Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva.

Em declarações à Lusa, a assessora de comunicação do Cinanima, Carla Relvas, explica que as 88 obras em competição resultam de uma prévia análise de 1.328 filmes feita pelo júri de selecção. “Em 38 anos de Cinanima, sempre recebemos muitas inscrições, num crescimento gradual”, diz a assessora. “Mas para a edição de 2013 recebemos cerca de 840 candidaturas e este ano, em comparação, registámos um aumento de quase 60% nas inscrições, o que significa que atingimos um recorde”, realça Carla Relvas.

Segunda a assessora do festival, o salto deve-se a “uma maior promoção do festival no circuito internacional”, mas também a "mais produção e mais jovens realizadores a fazerem filmes”. E acrescenta que as escolas europeias de cinema continuam a ter um papel relevante nesse estímulo, o que explicará que, entre as 19 nacionalidades a concurso, o país mais representado seja a França, com 18 filmes, seguida da Holanda, com seis. Já de fora da Europa, o Canadá e a Rússia terão quatro obras cada em competição.

A participação portuguesa, por sua vez, expressa-se em 11 filmes candidatos ao Prémio António Gaio, e em 17 que competem pela distinção de Melhor Jovem Cineasta. “Obviamente, o facto de o grande premiado do Cinanima entrar automaticamente para a short list de candidatos ao Óscar também é um factor importante”, reconhece Carla Relvas. “Há largos anos que esse aspecto vem chamando muitos realizadores ao concurso, sobretudo porque há poucos festivais com esta vantagem”, explica. 

Acrescente-se que o principal premiado no festival de Espinho entra também na lista de candidatos à nomeação para o Cartoon d'Or, o principal prémio europeu para a animação de autor. 

O Cinanima 2014 vai contar com seis sessões competitivas de curtas-metragens e quatro de longas (para além das duas exibições especiais de abertura atrás referidas), a que se acrescentam várias retrospectivas dedicadas a cinematografias da Islândia, da Suécia e da Bretanha, mas também a autores como Rao Heidmets (Estónia), Bruno Collet (França) ou Katariina Lillqvist (Finlândia).

Contabilizando as obras a concurso e os programas não-competitivos, o festival integra perto de 250 filmes, e há dois temas em destaque: a I Guerra Mundial, já atrás referida e a pretexto da passagem do centenário do início do conflito, e a produção da Bretanha, também representada pela obra de Bruno Collet, que trabalha com uma das principais produtoras dessa região francesa - e integra o júri principal do Cinanima, ao lado dos já citados Rao Heidmets e Katariina Lillqvist, do escritor e músico português Afonso Cruz e do documentarista belga Olivier Vandersleyen.

Oficinas, workshops e conferências são outras das actividades que fazem parte do programa.

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