Europol e FBI encerram mais de 400 sites dedicados a actividades criminosas

Páginas clandestinas de venda de drogas e armas foram desmanteladas numa operação conjunta da Europol e FBI.

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Kacper Pempel/Reuters

Entre as ligações que foram desligadas pela polícia estavam centenas de páginas que serviam como “estabelecimentos” ou fornecedoras de serviços e que eram utilizadas para o comércio de armas ou a venda ilegal de drogas – nomeadamente o site Silk Road 2.0, sucessor do primeiro bazar virtual de drogas (que usava o mesmo nome), desmantelado em 2013 numa operação idêntica e que foi apresentada como a primeira grande vitória no combate ao uso ilícito do lado “clandestino” da Internet.

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Entre as ligações que foram desligadas pela polícia estavam centenas de páginas que serviam como “estabelecimentos” ou fornecedoras de serviços e que eram utilizadas para o comércio de armas ou a venda ilegal de drogas – nomeadamente o site Silk Road 2.0, sucessor do primeiro bazar virtual de drogas (que usava o mesmo nome), desmantelado em 2013 numa operação idêntica e que foi apresentada como a primeira grande vitória no combate ao uso ilícito do lado “clandestino” da Internet.

A acção de hoje, denominada Operação Onymous e levada a cabo pelas unidades de cibercrime da Europol e do FBI, foi classificada como um golpe ainda mais profundo contra os indivíduos e organizações que operam clandestinamente na chamada “net profunda” ou DarkNet: para negociar drogas, encomendar ataques e homicídios, distribuir pornografia infantil ou recrutar militantes para grupos extremistas.

O alvo da investigação eram serviços ilegais escondidos na rede Tor, que oferece uma plataforma anónima e encriptada frequentemente utilizada por serviços secretos e de informação, ou activistas e jornalistas que precisam de comunicar ou trocar informação de forma segura e sem deixar rasto.

Calcula-se que existam cerca de três milhões de utilizadores da rede Tor – um acrónimo de The Onion Router – que utiliza um software com várias camadas de encriptação que se pensava ser praticamente inexpugnável. Além de permitir a navegação anónima na Internet, a Tor também possibilita alojar páginas que permanecem escondidas e fora do alcance dos motores de busca.

A investigação, que decorreu durante seis meses, envolveu as polícias da Bulgária, República Checa, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Roménia, Espanha, Suíça e Suécia. Além do encerramento das páginas e das detenções, foram ainda apreendidas drogas, armas, mais de um milhão de dólares em bitcoins, 180 mil euros em notas e ouro e prata. A polícia também recuperou documentos que permitem traçar o movimento ilegal de fundos através de contas offshore na Suíça, Polónia e Belize.

As autoridades recusaram divulgar os detalhes da investigação, e crucialmente os métodos utilizados para quebrar a barreira da encriptação que levou à quebra do sigilo e anonimato dentro da rede Tor. De acordo com o jornal The Guardian, a polícia britânica conseguiu infiltrar um agente no submundo do cibercrime com o objectivo d aceder às organizações criminosas alojadas naquela rede.

O polícia infiltrado conseguiu assumir um papel de destaque na operação do site Silk Road 2.0, alegadamente mantido por Blake Benthall, que terá cometido alguns erros de segurança ao utilizar um endereço pessoal para o registo dos servidores que sustentavam a operação do seu mercado de drogas.