EUA anunciam génese de uma coligação contra o Estado Islâmico

Nove países juntam-se a Washington no "núcleo" de uma aliança contra os jihadistas. Líder Supremo do Irão terá autorizado cooperação militar com forças americanas.

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Cameron e Obama estão unidos no combate ao IE LEON NEAL/AFP

Se da cimeira da NATO saíram sinais de apoio – e até a promessa de que a própria Aliança estudará o reinício da missão de treino e aconselhamento do Exército iraquiano se o novo governo em Bagdad o solicitar – a maior parte das perguntas continua sem resposta. Os EUA não explicam se vão estender as operações aéreas à Síria, onde os jihadistas têm as suas bases e controlam quartéis e poços de petróleo. Os principais aliados dizem estar disponíveis para juntar forças à operação americana, mas não revelam exactamente até onde estão dispostos a ir.

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Se da cimeira da NATO saíram sinais de apoio – e até a promessa de que a própria Aliança estudará o reinício da missão de treino e aconselhamento do Exército iraquiano se o novo governo em Bagdad o solicitar – a maior parte das perguntas continua sem resposta. Os EUA não explicam se vão estender as operações aéreas à Síria, onde os jihadistas têm as suas bases e controlam quartéis e poços de petróleo. Os principais aliados dizem estar disponíveis para juntar forças à operação americana, mas não revelam exactamente até onde estão dispostos a ir.

Dirigentes europeus ouvidos pela Reuters adiantam que tanto o Presidente francês, François Hollande, como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediram ao Presidente norte-americano, Barack Obama, que clarificasse a sua estratégia global para que pudessem tomar decisões. “Precisamos de uma combinação de políticas inteligentes, pressão diplomática, um compromisso de longo prazo, um plano abrangente para além de um potencial para uma acção militar”, afirmou Cameron no final da cimeira.

Essa é também a posição norte-americana, mesmo que a Administração Obama insista que um plano de acção demorará tempo a ser finalizado e tem de ter em conta os desenvolvimentos no terreno. “Temos de os atacar de várias formas para os impedir de conquistar território, [temos] de apoiar as forças de segurança do Iraque e de outros na região que estejam preparados para os enfrentar, sem envolvermos as nossas tropas”, disse John Kerry na reunião, à margem da cimeira, que juntou dez países, nove deles membros da NATO.

Além dos EUA, sentaram-se à mesa representantes do Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Dinamarca, Polónia, Canadá, Austrália e Turquia. “O grupo reunido aqui é o núcleo da coligação”, disse o secretário da Defesa norte-americana, Chuck Hagel, explicando que é a partir dele que será “formada uma coligação mais abrangente para lidar com a ameaça” do EI. “Obviamente que há uma linha vermelha para todos os que estão aqui: não haverá soldados no terreno”, acrescentou Kerry.

Os EUA não esperam o mesmo de todos os aliados. É pouco provável que outros países além da França, Austrália (com bases militares nos Emirados Árabes Unidos) e Reino Unido (com aviões estacionados em Chipre) se envolvam nos ataques aéreos que constituem o grosso das operações militares, adiantaram fontes da Administração citadas pelo jornal Washington Post. Mas outros aliados poderão fornecer armas, treinar e aconselhar o Exército iraquiano e as forças curdas, outros ainda participar na recolha e partilha de informações.

Nos próximos dias, Kerry desloca-se ao Médio Oriente para iniciar a segunda fase da construção desta aliança. O rei Abdullah II da Jordânia esteve no País de Gales e, apesar de o país desejar manter uma participação discreta, é uma peça-chave na recolha de informações. À Arábia Saudita será pedido dinheiro e ajuda para o Exército Livre da Síria – que Obama se comprometeu a apoiar “de forma mais efectiva” – e os Emirados dizem-se “prontos a juntar-se à luta contra o EI”.

O objectivo, disseram Kerry e Cameron, é que a coligação esteja pronta a tempo da Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realiza no final do mês em Nova Iorque, admitindo-se que possa ser apresentada uma resolução para enquadrar legalmente a operação militar internacional. “Vamos atingir o nosso objectivo. Vamos enfraquecer e por fim derrotar o EI, da mesma forma que o fizemos com a Al-Qaeda”, disse Obama no encerramento da cimeira, explicando que o objectivo passa por retirar-lhes a iniciativa, negar-lhes capacidades e território, e atacar os seus líderes.  

E a esta coligação nascente pode juntar-se – ainda que nunca publicamente – um aliado igualmente decisivo. O serviço persa da BBC noticiou que o Líder Supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, aprovou uma inédita cooperação com os EUA para combater os radicais. Segundo a estação, que cita fontes em Teerão, o líder das forças de elite dos Guardas da Revolução recebeu autorização para coordenar acções com as forças curdas, iraquianas e também americanas. Inimigos desde a revolução islâmica, os EUA e o Irão têm um inimigo comum no EI, um grupo fundamentalista sunita que tomou como primeiro alvo a população xiita do Iraque.

O Irão não assume a presença de tropas no país vizinho, mas o general Ghassem Soleimani tem tido um papel central na coordenação da defesa de Bagdad e foi recentemente fotografado no Norte do Iraque na mesma altura em que o Exército iraquiano quebrou o cerco dos jihadistas a Amerli, localidade habitada sobretudo por turcomanos xiitas, com a ajuda da aviação americana.