Muito caminho pela frente na marcha dos EUA pela justiça racial

Escritor Richard Zimler receia que o fim da desconfiança entre as comunidades branca e negra esteja a "décadas" de distância.

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Nascido num subúrbio de Nova Iorque, em 1956, e radicado no Porto desde 1990, o autor de dupla nacionalidade, americana e portuguesa, até reconhece “os progressos registados” no caminho da justiça racial, desde o Movimento dos Direitos Civis e da Marcha sobre Washington, protagonizada por Martin Luther King nos anos 60.

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Nascido num subúrbio de Nova Iorque, em 1956, e radicado no Porto desde 1990, o autor de dupla nacionalidade, americana e portuguesa, até reconhece “os progressos registados” no caminho da justiça racial, desde o Movimento dos Direitos Civis e da Marcha sobre Washington, protagonizada por Martin Luther King nos anos 60.

“Figuras populares [e negras] como Ophra Winfrey e Denzel Washington têm ajudado muito. Surgiu uma geração de políticos negros e hoje a Presidência é ocupada por um negro. Mas ainda há comunidades retrógadas que associam os negros ao crime”.

“Há muitas localidades 100% brancas, onde há zero negros. E vice-versa. Um jovem negro num bairro branco vai ser imediatamente visto como um ladrão ou traficante. Os polícias vão parar o carro junto dele, perguntar-lhe o que está ali a fazer e, se não considerarem as suas respostas satisfatórias, levá-lo-ão para a esquadra.” Os jovens negros têm esse sentimento muito presente, os brancos não acreditam que seja bem assim, “porque não têm esta vivência nem amigos negros”, assegura o escritor.

Richard Zimler também nota que muitas das cidades, como Los Angeles, onde o espancamento de Rodney King deu origem a graves motins em 1991, têm corpos de polícia com fama de não gostarem muito de negros, gays ou judeus.

Os smartphones deixaram as comunidades menos isoladas, assinala o escritor. Casos como os de Trayvon Martin, em 2013, de Ezell Ford, no passado dia 11, ou de Michael Brown são agora imediatamente mediatizados: “Chocam as pessoas e tornam impossível negar que há abusos.”