Papa Francisco pede perdão às vítimas da pedofilia na Igreja

As penas para estes crimes devem ser "muito severas", defendeu.

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Esta é a primeira vez que Francisco pede perdão em nome da Igreja pelos abusos sexuais de que foram vítimas milhares de jovens AFP

O Papa pediu nesta sexta-feira "perdão" às vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja. Francisco lamentou os "danos causados" às crianças e defendeu que os padres pedófilos devem ser punidos com penas "muito severas".

"Sinto-me na obrigação de assumir todo o mal cometido por alguns padres um número pequeno deles em relação a todos os padres que existem e de pedir pessoalmente perdão pelos danos que os abusadores sexuais causaram nas crianças", disse o Papa Francisco ao receber no Vaticano uma delegação da Comissão Católica Internacional para as Crianças. 

O Papa anterior, Bento XVI, já tinha feito um pedido de desculpas por estes crimes cometidos por membros da Igreja Católica em todo o mundo. Foi em Junho de 2010, quando repudiou os crimes que foram cometidos durante décadas mas que ensombraram o seu pontificado. Francisco fez agora o mesmo o pontífice já tinha falado nestes crimes, para denunciá-los e condená-los, mas não tinha pedido perdão por eles em nome da Igreja. 

"A Igreja está consciente deste mal. Não queremos recuar quanto ao tratamento deste problema ou às sanções que devem ser aplicadas". Pelo contrário, sublinhou: "Penso que devem ser severas. Não podemos prejudicar as crianças".

Dando continuidade à luta contra a pedofilia iniciada pelo seu antecessor, Francisco criou uma comissão para a protecção da infância de que faz parte uma vítima irlandesa, Mary Collins.

Mas em Janeiro, o Vaticano foi criticado pelo Comité das Nações Unidas para a Infância que, num relatório, acusou a Igreja Católica de continuar a proteger padres suspeitos de abusos e a não obrigar as dioceses a denunciar os crimes de forma a estes serem punidos.

Associações de antigas vítimas têm considerado que o Papa Francisco ainda nada fez nesta matéria. São particularmente críticas da forma como defende a resposta da Igreja ao escândalo, e apelam a outras organizações para que não colaborem na ocultação dos crimes ou deixem que caiam no esquecimento.

O Papa comentou ainda o início do debate, na Europa, sobre a "teoria de género" e as novas orientações educativas que pode originar. Francisco criticou aquilo a que chamou de "manipulação educativa". "Gostaria de manifestar o meu desagrado em relação a qualquer tipo de experimentalismo educativo com as crianças. Não podemos fazer experiências com as crianças e com os jovens", sublinhou.

"Os horrores de manipulações educativas que já testemunhámos nas grandes ditaduras do século XX ainda não desapareceram. Ainda estão aí, em autores e em propostas distintas que, a pretexto da modernidade, empurram as crianças e os jovens para a ditadura do 'pensamento único'", disse o Papa Francisco.

O Papa pediu a todos os que estão empenhados na defesa dos direitos humanos que preservem uma "boa formação antropológica" que considerou essencial para fazer face aos "desafios" que "as culturas contemporâneas e a mentalidade divulgada pelos media representam para a família e para a educação".

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