Social Street, ou como o Facebook pode aproximar vizinhos

O principal objectivo do Social Street é criar “comunidades de vizinhança como antigamente”. O projecto já chegou a Portugal

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Reuters

Saudades de uma vizinhança à moda antiga? A partir de agora, com o Social Street, é possível criar proximidade com os vizinhos. O projecto nasceu em Itália, em 2013, pelas mãos do jornalista Federico Bastiani, e chegou a Portugal há um mês pelas mãos de Carla Isidoro. “O ser humano tem uma necessidade de se aproximar das pessoas”, afirma ao P3 Carla, uma antropóloga residente em Lisboa. 

Carla Isidoro achou o “projecto bastante interessante” pois existe “muita gente que sente uma certa nostalgia do tempo em que havia proximidade entre os vizinhos”. “ Entrei em contacto com o fundador, o Federico Bastiani, perguntei-lhe se este projecto já estava a funcionar noutros países e se seria possível trazer este projecto para Portugal. Ele disse-me que ainda só estava a funcionar em Itália, mas que teria todo o gosto em internacionalizar o projecto e me apoiar no que fosse necessário” conta.

O principal objectivo do Social Street é criar “comunidades de vizinhança como antigamente”. Fazer com que os vizinhos da mesma rua se conheçam e socializem, criando e aumentando a confiança mútua na zona de residência. Qualquer rua pode aderir a este projecto. Para isso, só tem de criar um grupo no Facebook. “A ideia é que inicialmente os vizinhos se aproximem virtualmente, ou seja, através do Facebook, mas que depois se aproximem na vida real, que criem iniciativas na sua rua”, explica ao P3.

A mentora do projecto em Portugal conta que teve de “preparar os materiais necessários”, “criar a página Social Street Portugal” e encontrar “a rua certa para ser projecto-piloto", “uma rua emblemática”. “ Foi então que pensei na Avenida Almirante dos Reis, cá em Lisboa. É uma avenida com cerca dois quilómetros e com dinâmicas muito diferentes” diz.

O primeiro grupo do Social Street Portugal foi o dos Moradores da Avenida Almirante Reis. O grupo é administrado por Vanda Ramalho, pessoa a quem Carla propôs a ideia e que “aceitou de imediato”. O grupo já conta com mais de 50 membros e já se “prevê um encontro entre todos para breve, para que passem do virtual para o real”. “A primeira iniciativa ocorreu sem as pessoas se conhecerem, no Dia da Mulher”, conta. A proposta era que os membros afixassem um cartaz de homenagem às mulheres à entrada das suas casas, ou à janela. “Para além disso, um dos membros do grupo, que é dono de um centro de terapias alternativas, vai promover uma palestra para recolher alimentos para doar a um núcleo de apoio aos sem abrigo da zona. Os vizinhos tomaram conhecimento da palestra através de um 'post' que colocaram no grupo”, conta.

Entretanto, já surgiram grupos em Agualva (Cacém), Santiago do Cacém (Setúbal), Águas Santas (Maia) e Estoril. “Recentemente entrou em contacto comigo uma senhora que mora num lugar — nem é uma rua ou avenida. A senhora achava que aquela ideia era óptima e que era mesmo do que ela estava a precisar. Ela vive no campo, onde existem cerca de 30 quintas dispersas e onde quase ninguém se conhece. Achei fantástico, tem havido uma receptividade muito boa”, diz Carla.

Embora o projecto seja bastante recente, Carla está bastante satisfeita com este projecto de cidadãos para cidadãos, onde o importante é que os vizinhos socializem e convivam. “Gostava que o Social Street estivesse pelo país inteiro, nas ruas de Norte a Sul do país. E eu acredito que isso vai acontecer”, afirmou ao P3.

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