Director de Informação da RTP demitiu-se e será substituído por José Manuel Portugal

Paulo Ferreira exercia o cargo há pouco mais de um ano e diz que sai por decisão pessoal. Ficará na estação como gestor de inovação na área da informação. José Manuel Portugal é o sucessor.

Foto
Paulo Ferreira estava no cargo desde Novembro de 2012 DANIEL ROCHA

Numa carta ao presidente da empresa, Alberto da Ponte, e citada no site da RTP, o jornalista diz que deixa o cargo por decisão pessoal e no seguimento de uma leitura que faz "sobre os interesses gerais da RTP”. O PÚBLICO tentou sem sucesso contactar Paulo Ferreira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Numa carta ao presidente da empresa, Alberto da Ponte, e citada no site da RTP, o jornalista diz que deixa o cargo por decisão pessoal e no seguimento de uma leitura que faz "sobre os interesses gerais da RTP”. O PÚBLICO tentou sem sucesso contactar Paulo Ferreira.

Em comunicado citado pela agência Lusa, a RTP diz que convidou Paulo Ferreira para assumir o cargo de gestor de inovação na área da informação, convite que foi aceite, e que o jornalista irá agora concretizar "projectos estruturantes que se avizinham" em virtude do Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento da RTP.

"Para a efectiva concretização, Paulo Ferreira apresentou, por essa razão, a demissão dos cargos de director de informação dos serviços de programas de televisão generalistas de âmbito nacional da RTP e de diretor do serviço de programas RTP Informação, pedido este que foi aceite", afirma a administração liderada por Alberto da Ponte.

O Conselho de Administração da RTP lembra que pretende implementar, a partir de Janeiro, o Núcleo de Inovação e Criatividade, "que actuará como dinamizador e catalisador, interna e externamente, de uma abordagem distintiva do que a RTP pretende promover nas suas antenas e canais", e sublinha ainda que o futuro contrato de concessão "considera igualmente a criatividade como uma orientação clara para o papel do serviço público de media".

Paulo Ferreira tinha sido recentemente alvo de contestação interna. Em Outubro, os jornalistas da televisão tinham aprovado uma moção em que retiravam a confiança ao director, acusando-o de estar a criar listas de mobilidade de jornalistas que, receava a redacção, pudessem vir a ser usadas para despedimentos. Em Novembro, os sindicatos da RTP tinham pedido a demissão do director, na sequência de declarações sobre o processo de rescisões amigáveis que estava em curso.

“A notícia do seu pedido de demissão foi só uma questão de timing”, reagiu à Lusa Clarisse Santos, porta-voz da plataforma dos sindicatos da RTP, referindo que a saída de Paulo Ferreira resulta de “polémicas internas” e editoriais sobre avaliações de desempenho e rescisões de contratos de trabalho.

O director demissionário, que fazia antes parte da direcção do PÚBLICO, dirigia a estação há pouco mais de um ano, tendo assumido o cargo após a saída conturbada de Nuno Santos.

Para o cargo, o conselho de administração indicou o nome do jornalista José Manuel Portugal à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), cujo parecer é vinculativo. Sobre o sucessor indicado pela administração, Clarisse Santos referiu que José Manuel Portugal pode “ser uma mais-valia” e garantir que a informação da RTP continue a ser uma “referência”.

A saída de Paulo Ferreira acontece quando o Governo está a delinear um novo modelo para o funcionamento da estação pública, o que inclui um novo conselho geral independente, que irá supervisionar a actividade da RTP e que será formado por seis membros: dois nomeados pelo Governo, outros dois indicados pelo Conselho de Opinião da RTP e os restantes dois cooptados pelos quatro anteriores.

Já na semana passada, a ERC tinha deliberado que a fusão entre as redacções da televisão e das rádios da RTP era ilegal, por não terem sido consultados os jornalistas e os conselhos de redacção.