Redacção da RTP retirou confiança ao director de Informação devido a listas de mobilidade

Direcção de Informação nega que por trás da avaliação em curso esteja a intenção de despedimentos, mas assume necessidade de premiar o mérito.

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Paulo Ferreira estranha a rapidez da decisão da CNE DANIEL ROCHA

Os jornalistas da RTP aprovaram esta terça-feira uma moção em que retiram a confiança ao director de Informação, Paulo Ferreira, acusando-o de estar a elaborar “listas de mobilidade” que a redacção receia que sejam usadas para fazer despedimentos. A direcção de informação nega tais objectivos.

A moção foi votada em plenário da redacção da televisão pública com 63 votos a favor, 12 abstenções e um voto contra.  A redacção afirma-se contra aquilo que diz ser um “processo que terminará inevitavelmente na elaboração de listas de mobilidade por parte da direcção de Informação de televisão da RTP, que a administração promove”.

A direcção de Informação está a fazer avaliações e classificações dos jornalistas e o director Paulo Ferreira disse à redacção que a direcção de Recursos Humanos lhe deu a “garantia” de que esta classificação “não servirá para a execução de listas de despedimentos”.

Em resposta, a direcção emitiu um comunicado ao final da tarde reiterando esta garantia. "A aprovação daquela moção baseou-se em pressupostos que não são verdadeiros, como foi oportunamente explicado ao Conselho de Redacção, que ainda assim se tornou no promotor do plenário", lê-se no texto.

E acrescenta-se: "Foi esclarecido, nomeadamente, que o processo de avaliação lançado em toda a empresa, e que vai aplicar-se a todos os trabalhadores, é do conhecimento dos sindicatos e não tem como objectivo a elaboração de qualquer “lista” para despedimentos; e que os critérios e resultados da avaliação serão partilhados com os trabalhadores, como é natural".

Porém, a redacção não acredita em tal garantia e diz que o facto de os directores se apresentarem como “meros executores de um plano” não lhes retira “os ónus quer da situação presente, quer das suas consequências futuras”. Os jornalistas vinculam assim a direcção a um possível despedimento colectivo que a empresa venha a fazer.

Na moção, a redacção afirma mesmo que “este não é um processo de avaliação, pois não cumpre os requisitos formais; é sim o processo de execução de listas de inadequados, dispensáveis, ‘despedíveis’”. E acusa a direcção de Informação, liderada por Paulo Ferreira, de aceitar “participar num processo ilegítimo e nos antípodas de quaisquer boas práticas de gestão conhecidas”.

“Esta conduta, desrespeitando a dignidade devida às pessoas, conduziu a que a redacção tenha perdido a confiança na direcção de Informação", remata a moção aprovada.

Por seu lado, a direcção de informação contrapõe afirmando, no comunicado, que "mantém como objectivo o desenvolvimento de uma cultura de mérito na redacção da RTP, para a qual são necessários processos de avaliação, essenciais em qualquer organização".

 

Levantamento de trabalhadores e funções é transversal

Fonte da RTP adiantou ao PÚBLICO que o processo que está em curso - de levantamento dos trabalhadores e respectivas funções  - é transversal a toda a empresa e foi determinado pela administração da televisão pública com vista a retomar o método de avaliação dos trabalhadores que já existiu na empresa mas foi suspenso, e que permite identificar as situações de mérito, mas também as mais problemáticas.

A mesma fonte diz tratar-se de um processo normal de gestão das empresas, mas admitiu que possam existir “alguns equívocos” que, porventura, se pode ficar a alguma falta de comunicação interna.

Sublinhando que a RTP está num processo de reestruturação, a mesma fonte não afasta totalmente a hipótese de que, subjacente a esta medida, esteja um processo de requalificação de profissionais que dela necessitem ou mesmo a determinação daqueles que poderão ir para a mobilidade interna.


  
  
 
 
 

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