Sindicatos da RTP pedem demissão do director de informação por violação do código de ética

Paulo Ferreira foi citado a afirmar que as pessoas que rescindiram com a estação eram, frequentemente, "as mais talentosas".

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Paulo Ferreira considerou a polémica "artificial" DANIEL ROCHA

Os sindicatos da RTP pediram nesta sábado a demissão do director de informação, Paulo Ferreira, argumentando que este "violou o código de ética" com comentários sobre o processo de rescisões voluntárias no operador de televisão estatal.

Em declarações feitas na quarta-feira na entrega de prémios “Melhores Gestores de Pessoas 2013”, e reproduzidas no site Dinheiro Vivo, Paulo Ferreira disse que os trabalhadores da RTP que rescindiram voluntariamente eram as pessoas “mais talentosas”, enquanto as que ficam “acabam por ser, muitas vezes, as menos capazes”. Afirmou ainda que “vão ser dispensadas mais 300 pessoas do departamento de produção, que deixará de existir, passando esta função a ser comprada a empresas terceiras”. 

Em comunicado, os Sindicatos dos Meios Audiovisuais (SMAV), Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações (STT), Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicação (SITIC) e Sindicato das Comunicações de Portugal (Sicomp) afirmam que "Paulo Ferreira violou o código de ética, ao desrespeitar um princípio a que todos os trabalhadores estão obrigados: a lealdade”. O comunicado diz que "as declarações não salvaguardam a credibilidade e a imagem da RTP e promovem o seu desprestígio”, com os sindicatos a acusarem o director de informação de não “contribuir para a criação e manutenção de um bom ambiente de trabalho e espírito de equipa"

Contactado pela agência Lusa, Paulo Ferreira considerou não entender “esta polémica artificial nem a sustentação das acusações” que lhe são dirigidas, porque, esclareceu, “sobre a questão das saídas voluntárias”, fez posteriormente “chegar ao Dinheiro Vivo uma nota sobre o teor das declarações”.

“Repudiamos que um director da televisão pública, com responsabilidades de gestão e com obrigações no cumprimento de normas internas e de conduta específica, faça considerações públicas sobre a vida interna da empresa, que tem a obrigação de defender e, em vez disso, decida vir a público denegrir profissionalmente os seus colegas e a empresa”, disseram os sindicatos. “Os profissionais da RTP, no activo, demonstram, diariamente, a sua competência e excelência, mesmo vivendo a pior fase laboral das suas vidas”.

“Estes profissionais não precisam de ver, publicamente, as suas carreiras devassadas e postas em sobressalto por um quadro dirigente que, recentemente, perdeu credibilidade por parte dos seus próprios pares e que, de novo, se vê envolto em declarações que consideramos manifestamente inconvenientes, despropositadas, inoportunas, irresponsáveis e vergonhosas”, lê-se ainda no comunicado. Por isso, estranha o conjunto de sindicatos que “o presidente do Conselho de Administração [Alberto da Ponte] permita que um quadro faça declarações públicas desta natureza, proibidas por regulamentação interna”.

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