Havia um cromo português na primeira caderneta Panini

Os cromos com nome italiano foram para as bancas em 1961. O último sobrevivente dos irmãos Panini morreu na passada sexta-feira.

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O Inter de 1961-62, com um português de nome italiano DR

Giorgio Raggi Humberto parece um nome italiano, mas não é. É o nome de Jorge Humberto, avançado do Inter de Milão na época 1961-62. Ele foi o primeiro jogador a transferir-se do campeonato português para a Série A italiana, da Académica para o Inter, no mesmo ano em que a Panini lançava o seu primeiro álbum de cromos, uma colecção de “figurine calciatore” dessa época.

Humberto lá estava nas duas páginas dedicadas ao Inter , um “centravanti” nascido em Cabo Verde, partilhando o espaço com jogadores como o espanhol Luiz Suarez ou o britânico Gerald Hitchens, numa equipa que era treinada por Helenio Herrera.

A esta primeira caderneta seguiram-se centenas de outras, dedicadas aos mais variados assuntos, e, desde então, Panini tornou-se, no mundo, sinónimo de cromos. Um vício de coleccionismo que atinge todas as idades e todas as geografias e que começou no espírito empreendedor de quatro irmãos de Modena. O último sobrevivente era Umberto, que morreu na última sexta-feira, aos 83 anos.

Umberto era engenheiro da Maserati, fabricante de automóveis de Modena, mas foi despedido e mudou-se para a América do Sul, para trabalhar na extracção de petróleo. Em 1964, Umberto recebe uma carta de um dos seus irmãos, Giuseppe, para ir trabalhar com eles, porque os Panini tinham um sucesso em mãos e precisavam de ajuda.

Os Panini queriam capitalizar o fanatismo dos italianos pelo futebol e decidiram a lançar uma caderneta com as equipas da Série A. A primeira caderneta, que tinha o avançado sueco do AC Milan Nils Liedholm na capa, foi lançada para as bancas e foi um sucesso imediato.

Mas os Panini precisavam de acompanhar a procura e Umberto construiu uma máquina para produzir os cromos em série, cortá-los, misturá-los e colocá-los em carteirinhas de papel. Foi com esta máquina, a Fifmatic, que a Panini tomou a dianteira na indústria dos cromos.

Até 1988, a Panini manteve-se como um negócio de família. Depois, foi mudando de mãos, chegando a ter donos estrangeiros, voltando para empresários italianos em 1999. Em muitos países do mundo (Portugal incluído), é a caderneta oficial dos campeonatos de futebol, tem edições para os Europeus e Mundiais, para várias modalidades, e a sua gama de cadernetas inclui filmes, séries de televisão, cantores, animais e desenhos animados.

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