Telefonema histórico entre Obama e Rohani

Momento inédito entre os dois países desde 1979. Os dois Presidentes comprometeram-se a trabalhar para chegar rapidamente a um acordo sobre o programa nuclear iraniano

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Obama despediu-se de Rohani com a expressão farsi khodahafez, que Deus esteja contigo: Pete Souza/Casa Branca/Reuters

“Acabo de falar com o Presidente iraniano”, disse Obama, para espanto de boa parte do mundo que, depois de o antecipado aperto de mão nas Nações Unidas não ter chegado a acontecer, não esperava já que um contacto directo entre os dois dirigentes pudesse realizar-se tão rapidamente.

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“Acabo de falar com o Presidente iraniano”, disse Obama, para espanto de boa parte do mundo que, depois de o antecipado aperto de mão nas Nações Unidas não ter chegado a acontecer, não esperava já que um contacto directo entre os dois dirigentes pudesse realizar-se tão rapidamente.

Fontes da Casa Branca contaram aos jornalistas que a delegação iraniana terá feito saber que Rohani desejava falar ao telefone com o Presidente norte-americano antes de deixar Nova Iorque, onde esteve para a 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. O contacto foi rapidamente efectuado e cerca das 14h30 (19h30 em Portugal continental), Obama telefonava a Rohani, naquele que foi o primeiro contacto directo entre os dirigentes dos dois países desde a Revolução Islâmica, em 1979.

Pouco depois também o Presidente do Irão dava conta da histórica conversa, escrevendo no Twitter que desejou a Obama “um bom dia” e que Obama lhe respondeu “Obrigado, Khodahafez”, expressão em farsi usada para dizer “adeus”, mas que traduzida à letra significa “Que Deus esteja contigo”.

Aos jornalistas, Obama explicou que da conversa saiu o compromisso mútuo de trabalharem para um acordo sobre o programa nuclear iraniano tão rapidamente quanto possível, tendo encarregado os respectivos chefes da diplomacia, John Kerry e Mohammad Javad Zarif, de continuarem os contactos.

“Vão certamente existir obstáculos importantes a um avanço e o sucesso não está de longe garantido, mas acredito que podemos chegar a uma solução construtiva”, afirmou, sublinhando que seria um erro não aproveitar o momento criado pela eleição de Rohani, um moderado que se comprometeu a quebrar o isolamento a que o país foi votado pela retórica do seu antecessor e a recusa iraniana em fazer cedências na questão nuclear.

As hipóteses de sucesso desta nova abertura diplomática vão ser testadas já a 15 de Outubro, quando o Irão se reunir com o Grupo 5+1 (os membros permanentes do Conselho de Segurança e a Alemanha), a 15 de Outubro em Genebra. Em declarações aos jornalistas, ainda em Nova Iorque, Rohani afirmou que o seu país chegará ao encontro com um plano para resolver um diferendo com dez anos e disse esperar que todas as partes consigam chegar “num curto espaço de tempo a resultados tangíveis”.

Por seu lado, Obama disse que se o Irão adoptar medidas “significativas, transparentes e verificáveis” isso poderá conduzir “ao alívio das abrangentes sanções actualmente em vigor”.