Passos contraria Seguro no aumento do salário mínimo

Seguro foi aplaudido de pé pela bancada socialista.

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Seguro foi aplaudido de pé pelos socialistas Pedro Cunha

Depois de, no debate parlamentar de sexta-feira, os ministros Paulo Portas e Vítor Gaspar terem tentado lançar pontes ao PS, num tom muito amistoso, o frente-a-frente de hoje mostrou um arrefecimento entre Governo e socialistas.

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Depois de, no debate parlamentar de sexta-feira, os ministros Paulo Portas e Vítor Gaspar terem tentado lançar pontes ao PS, num tom muito amistoso, o frente-a-frente de hoje mostrou um arrefecimento entre Governo e socialistas.

As intervenções de Seguro subiram de tom ao longo do debate e terminaram com uma ovação de pé da bancada. Perante a insistência de Seguro em propor, em sede de concertação social, o aumento do salário mínimo, Passos Coelho rejeitou. “A Irlanda fez o oposto, cortou 10%. Nós rejeitámos essa possibilidade, não tínhamos condições para isso. Mas aumentá-lo geraria mais desemprego”, sustentou, abrindo a porta à medida no futuro.

O primeiro-ministro voltou a afirmar abertura para avançar com a proposta de criação de um banco de fomento e lembrou que o Governo já tem um programa sobre reabilitação urbana – outra das propostas socialistas para “sair da crise” – mas teve um discurso mais duro contra a estratégia de “parar com a austeridade”.

“Seria regressar ao início do processo. Quem quer ficar com essa responsabilidade? Eu não. Não entraremos em aventuras gastadoras, nem em soluções facilitistas”, disse Passos Coelho, qualificando a estratégia de Seguro como “demagógica”.

As perguntas vindas quer da esquerda quer do CDS sobre os cortes de quatro mil milhões de euros ficaram sem resposta. Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, quis saber qual a velocidade a que deverão ser aplicados os cortes de despesa estrutural, mas o primeiro-ministro ignorou a pergunta.

João Semedo, coordenador do BE, desafiou Passos Coelho a revelar o que estava a ser negociado com a troika, mas o primeiro-ministro escusou-se a falar no teor da sétima avaliação.

Tanto o BE como o PCP e o PEV referiram as manifestações de sábado como sinal de “derrota” do Governo. Passos reconheceu que “nenhum Governo deve ficar indiferente” a este tipo de manifestações, mas afirmou não governar em função dos protestos.