Buscas em casa de bailarino do Bolshoi após detenção de suspeito do ataque com ácido

A polícia de Moscovo efectuou buscas no apartamento de Pavel Dmitrichenko, bailarino solista da companhia.

Fotogaleria

No âmbito “da investigação ao ataque contra Sergei Filin [director artístico do Ballet Bolshoi], agentes da polícia moscovita detiveram hoje um dos suspeitos para interrogatório”, dizem as autoridades em comunicado. “A pessoa está a ser interrogada”, disse à Bloomberg Maxim Kolosvetov, porta-voz da polícia. “Os investigadores têm 48 horas para decidir se será preso.” Entretanto, noticia o New York Times, foi desencadeada "uma série de acções de investigação urgentes" e decorreram as buscas ao apartamento de Pavel Dmitrichenko, que vive no mesmo complexo habitacional que Filin.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No âmbito “da investigação ao ataque contra Sergei Filin [director artístico do Ballet Bolshoi], agentes da polícia moscovita detiveram hoje um dos suspeitos para interrogatório”, dizem as autoridades em comunicado. “A pessoa está a ser interrogada”, disse à Bloomberg Maxim Kolosvetov, porta-voz da polícia. “Os investigadores têm 48 horas para decidir se será preso.” Entretanto, noticia o New York Times, foi desencadeada "uma série de acções de investigação urgentes" e decorreram as buscas ao apartamento de Pavel Dmitrichenko, que vive no mesmo complexo habitacional que Filin.

O Washington Post cita a televisão estatal russa, que indicou que o suspeito detido esta manhã pode ter sido o condutor do autor do ataque até ao apartamento de Filin, à porta do qual o director artístico do Bolshoi foi atacado, e que as autoridades teriam chegado até ele através dos registos de chamadas de telemóvel. Pavel Dmitrichenko não foi detido nem está acusado de qualquer crime.

O Ministério do Interior russo divulgou imagens das buscas e a agência de notícias Interfax cita um responsável policial que indica que as buscas resultaram em "várias pistas quanto ao organizador deste crime". A ideia da existência de um mandante por trás do perpetrador do ataque ao director artístico do Bolshoi tem vindo a crescer de importância no discurso das forças de segurança, e a porta-voz do Bolshoi, que na manhã desta terça-feira se tinha congratulado com a detenção de um suspeito porque "se se conseguiu chegar ao autor material do ataque, há esperança de encontrar a pessoa que o encomendou”, negou mais tarde ter conhecimento de problemas entre o bailarino solista e Sergei Filin. "Adorava pensar que a pessoa por trás disto é de fora do Bolshoi."

O suspeito, ainda não identificado, foi detido cerca das 06h desta terça-feira em Stupino, perto de Moscovo, e, segundo o tablóide moscovita Lifenews citado pelo jornal russo em língua inglesa Moscow Times, as autoridades suspeitariam de que o mesmo seria autor de escutas telefónicas. 

Na sequência do ataque de que foi alvo a 17 de Janeiro, Filin disse que os seus telefones, contas de email e de Facebook teriam sido violadas. Há cerca de um mês, a polícia russa tinha já anunciado que estava a identificar suspeitos do ataque a Filin, director artístico do Bolshoi desde Março de 2011 com um mandato é de cinco anos, mas indicava, citada pela Interfax, estar focada em funcionários do teatro, bailarinos e trabalhadores de outras áreas. Nikolai Tsiskaridze, bailarino principal do Bolshoi, no centro de uma polémica com a direcção-geral do teatro, diz, por seu turno, que viu Filin e Dmitrichenko discutir em público sobre questões financeiras, com o solista a acusar alegadamente o director artístico de favoritismo. "Toda a gente sabia", cita o New York Times

Sergei Filin, atacado na rua perto da sua casa a 17 de Janeiro por um desconhecido que lhe lançou um líquido corrosivo ao rosto – e que se trataria de ácido sulfúrico, de acordo com os dados preliminares das autoridades -, continua na Alemanha em tratamentos. As lesões que o ex-bailarino de 42 anos sofreu, sobretudo queimaduras de terceiro grau no lado direito da face e pescoço, levaram a três intervenções cirúrgicas oculares. O director artístico conta regressar ao trabalho no Verão, disse esta terça-feira a porta-voz do teatro.

O Bolshoi, um dos mais prestigiados teatros do mundo, fundado em 1776, está há mais de um mês publicamente em pé de guerra. No início de Fevereiro, Anatoly Iksanov, o director-geral da companhia ameaçou processar o bailarino principal, Nikolai Tsiskaridze, pelas suas críticas à forma como os responsáveis geriram o período após o ataque a Sergei Filin. Mas este foi apenas mais um capítulo da tensão entre ambos, que culminou com a sugestão de Iksanov de que o bailarino se demitisse e com fortes críticas de Tsiskaridze ao director-geral, queixando-se de "perseguição" por parte da administração do Bolshoi, que acusa de o ter implicado no caso do ataque a Filin e de o ter acusado de actos que levaram à demissão do anterior director artístico da companhia, Gennady Yanin.

Tsiskaridze, por seu turno, nega as acusações de que é alvo e queixa-se de um ambiente “estalinista” na gestão do Bolshoi. Os problemas entre o bailarino, uma celebridade na Rússia, e o director-geral ter-se-ão agudizado com a escolha de Filin, também ex-bailarino, para o cargo – há a tradição de os bailarinos principais, chegado o final das suas carreiras em palco (Tsiskaridze tem 39 anos), ascenderem ao cargo de director artístico das suas companhias.