Estudantes chilenos de novo na rua para exigir investimento na educação

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Em Santiago, os estudantes confrontaram a polícia IVAN ALVARADO/REUTERS

Alunos do secundário desafiam Presidente em defesa do ensino público. Centenas foram detidos em dia de mobilização nacional

Milhares de estudantes voltaram a sair à rua no Chile para pedir um ensino público gratuito e de qualidade. Em Santiago os protestos juntaram mais de 10 mil pessoas e houve pelo menos 139 detenções, segundo as forças de segurança.

Os estudantes juntaram-se em vários locais definidos pela Assembleia Coordenadora de Estudantes do Secundário (ECES) e começaram a desfilar em direcção à autarquia de Santiago, contou o diário La Tercera. A entoar palavras de ordem, com faixas e tambores, desfilaram escoltados pela polícia. Alguns atiraram pedras e foram dispersados pela polícia com jactos de água.

Pelo menos 139 pessoas foram detidas durante os protestos que começaram na quinta-feira, segundo o relatório de um responsável das forças de segurança, general Luis Valdés, que adiantou ter havido pelo menos 12 desfiles de estudantes. Na fase final dos protestos ocorreram alguns incidentes. "Houve 18 polícias feridos, três com gravidade, com fracturas, mas o balanço é positivo", disse Valdés ao La Tercera.

Vários estabelecimentos de ensino foram ocupados - cerca de uma dezena de escolas secundárias na capital e meia centena a nível nacional, segundo as organizações estudantis. O protesto juntou sobretudo alunos do secundário, mas contou também com o apoio dos universitários que já diversas vezes saíram à rua. Tal como em protestos anteriores, pedem maior investimento no ensino público.

Os jovens exigem um novo modelo para a educação, com maior participação do Estado no financiamento do ensino público. Em particular, querem que sejam retirados do Parlamento os projectos de lei que não fortalecem o sistema público, como um que permitirá às famílias abater nos impostos as despesas da educação, diz o El País.

No ano passado, o movimento dos estudantes foi notícia internacional. Ressurge agora, com uma mobilização nacional e novas manifestações, para reclamar uma educação pública gratuita e gerida pelo Governo central e não pelos municípios no caso do ensino básico e secundário, como acontece actualmente, o que, segundo as organizações estudantis, afecta a qualidade do ensino.

No final de 2011 o movimento estudantil protagonizou alguns dos mais violentos protestos dos últimos anos no Chile e obteve do Governo um aumento de 10% no orçamento para a Educação. Mas a educação continua a ser uma das maiores preocupações dos chilenos, e apenas 12% dos cidadãos acham que o Governo do Presidente Sebastián Piñera a está a gerir bem. Segundo o El País, citando dados do Centro de Estudos Públicos chileno (CEP), 57% consideram ser a sua actuação "má ou muito má".

Esta contestação ocorre quando faltam dois meses para as eleições municipais de Outubro no Chile e a popularidade do Presidente ronda agora os 27%, apesar de o crescimento económico ser de 5,5%. Piñera tenta falar com os estudantes, sem conseguir fazer-se ouvir: "Ouve-se muito ruído e gritos, mas a forma de avançar não é com ocupações, violência ou cocktails Molotov."

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