ARS quer Magalhães Lemos gerido pelo Centro Hospitalar do Porto

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A partir do Santo António, o centro hospitalar já gere quatro hospitais PAULO RICCA

A ideia é do presidente da ARS-Norte e Sollari Allegro acolhe-a com entusiasmo, encontrando vantagens nessa integração

Primeiro foi o Hospital de Doenças Infecciosas Joaquim Urbano, agora é a vez do Hospital Psiquiátrico Magalhães Lemos poder vir a ser gerido e integrado no Centro Hospitalar do Porto (CHP). Proposta concreta ainda não existe, mas o presidente da ARS-Norte (Administração Regional de Saúde), Castanheira Nunes, já abordou o assunto com o administrador do centro hospitalar, Sollari Allegro.

O presidente do Conselho de Administração do CHP confirmou ao PÚBLICO que foi a própria ARS-Norte que teve a iniciativa de o abordar e mostra toda a abertura para que possam ser dados passos no sentido de aquele hospital especializado poder vir a fazer parte do CHP, tal como já acontece com o Joaquim Urbano. Para além desta unidade hospitalar, fazem parte do CHP a Maternidade de Júlio Dinis e os hospitais de Santo António e de Maria Pia.

Sollari Allegro explica, em declarações ao PÚBLICO, que a integração do hospital psiquiátrico permitiria ao centro hospitalar "desenvolver actividades que hoje não dispõe, como seja a criação de uma unidade de Cuidados Continuados ou o internamento de Psiquiatria. Isso seria uma mais-valia para nós, porque facilitava o desenvolvimento do Centro Hospitalar do Porto e ao mesmo tempo seria também bom para os doentes", declarou Sollari, afirmando, todavia, que "nada está definido, mas como se trata de um hospital relativamente novo não há razão para não equacionar essa integração". "Estou à espera que formalizem essa ideia em proposta para depois podermos discutir o assunto", resume o administrador, observando que "cada vez faz menos sentido ter hospitais monovalentes, porque as pessoas têm múltiplas patologias".

O presidente do CA do centro hospitalar faz questão de sublinhar que a concentração de actividades dos hospitais é um "objectivo" do Ministério da Saúde. E afirma que logo que tenha acesso à proposta vai inteirar-se das contas do hospital junto da Administração Central do Sistema de Saúde e só depois dará uma resposta definitiva.

António Leuschner, presidente do CA do Magalhães Lemos, desconhece a intenção da ARS, mas deixa claro que o momento não é o mais adequado, porque o Plano Nacional de Saúde Mental (que ainda não está concluído) não contempla a integração dos hospitais psiquiátricos nos hospitais gerais. "Tenho dúvidas quanto à oportunidade. Eu escolheria outra altura, porque estamos a cinco anos da conclusão do Plano Nacional de Saúde Mental", afirma António Leuschner, salvaguardando, contudo, que, "a prazo, a integração dos hospitais psiquiátricos é inevitável".

"A tendência é para a concentração de uma série de respostas generalizadas e a gestão em conjunto pode ter ganhos de eficácia", admite, salientando, no entanto, que "há tarefas [específicas] para as quais os hospitais gerais não estão preparados". De resto, o médico recua a 1992 para dizer que "a integração nos hospitais gerais dos centros de saúde mental nem sempre funcionou bem e o nosso receio é que é que isso possa acontecer agora [com o Magalhães Lemos].

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