Comboios de Lisboa para a Covilhã levam menos 20 minutos desde ontem

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As velhas automotoras a diesel foram ontem substituídas por locomotivas eléctricas CARLA CARVALHO TOMAS

Refer concluiu no sábado a obra na Linha da Beira Baixa que Sócrates prometera para 2009. Electrificação do troço Castelo Branco-Covilhã permite poupar entre 16 a 23 minutos

Desde domingo que os comboios de Lisboa para a Covilhã deixaram de ter de mudar de locomotiva em Castelo Branco porque a Linha da Beira Baixa já se encontra electrificada até à sua actual estação terminal - em rigor, a linha prossegue até à Guarda, mas este último troço encontra-se fechado para obras.

Os comboios Intercidades são os que mais ganham com este investimento, podendo a viagem desde Santa Apolónia para a Covilhã ser realizada em 3 horas e 41 minutos em vez das 4 horas anteriores. Mas esta redução do tempo de percurso deve-se sobretudo ao facto de não ser preciso trocar a locomotiva eléctrica por uma outra a diesel em Castelo Branco, podendo agora a composição continuar viagem directamente para a Covilhã.

No troço que acaba de ser modernizado, a Refer investiu mais de 100 milhões de euros, num projecto que compreendeu a electrificação e renovação integral da via, a reabilitação dos túneis de Penamacor e Gardunha, a construção de desnivelamentos (para eliminar passagens de nível) e a rectificação do traçado para manter um patamar de velocidade da ordem dos 120 km/hora.

A segurança também foi aumentada com a instalação de sistemas de sinalização e comunicação informatizados, sendo a exploração da Linha da Beira Baixa controlada agora a partir do Cento de Comando Operacional de Braço de Prata.

Mas tudo isto não se traduziu numa redução significativa do tempo de percurso, para além da motivada pelo facto de não ser necessário trocar de locomotiva. Entre Castelo Branco e Covilhã, os tempos de percurso mantêm-se praticamente os mesmos para os Intercidades e o serviço regional também não sofreu alterações significativas.

No entanto, outras foram as promessas feitas em Julho de 2005, quando José Sócrates e a sua secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, foram inaugurar a electrificação da Linha da Beira Baixa até Castelo Branco. Nessa altura, garantiram que, dentro de quatro anos (em 2009), a electrificação chegaria à Covilhã e que a viagem passaria a demorar meia hora entre Castelo Branco e aquela cidade.

Afinal o comboio eléctrico só chegou em 2011 e o tempo de percurso entre as duas cidades manteve-se entre os 50 e os 60 minutos.

Ainda assim, a viagem de comboio passou agora a ser competitiva com a do autocarro, pois a Rede de Expressos demora, em média, 3 horas e 43 minutos a ligar Lisboa à Covilhã, enquanto a CP oferece tempos de percurso entre as 3 horas e 37 minutos e as 3 horas e 41 minutos.

Já quanto aos preços, o autocarro leva a melhor, porque só custa 13,80 euros, enquanto a CP cobra, a partir de hoje, 18,50 euros por um bilhete em segunda classe no Intercidades.

No que toca à frequência, a oferta é também melhor na Rede de Expressos, que oferece seis ligações directas entre Lisboa e a Covilhã nos dias úteis, enquanto a CP só tem três.

Já para quem vem da Região Norte, a CP não é competitiva para viajar para a Covilhã porque, por exemplo, quem sai do Porto é obrigado a descer até ao Entroncamento para depois subir para a Covilhã numa viagem que pode demorar entre cinco a seis horas, consoante as ligações. A alternativa poderia ser chegar à Cova da Beira pela Linha da Beira Alta, mas a ligação com a Beira Baixa está interrompida e poderá vir a fechar definitivamente (ver caixa).

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