Torne-se perito

Auditoria à dívida chumbada com um voto a favor no PS

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Luís Fazenda

Minutos antes, um seu colega de bancada havia classificado a proposta como "inoportuna" por "dar palco à especulação sobre a dívida". Um argumento que não convenceu Pedro Nuno Santos, deputado socialista, que votou ontem, na Assembleia da República, ao lado do BE e PCP, a favor da criação de uma comissão parlamentar para fazer uma auditoria à dívida externa portuguesa.

A posição de Pedro Nuno Santos não impediu que o projecto de resolução fosse chumbado com os votos contra do PSD, PS e CDS.

Mas ontem sobressaiu o gesto do ex-líder da Juventude Socialista no momento das votações. "Ninguém sabe em Portugal qual é o perfil da nossa dívida. Um conhecimento mais profundo vai permitir tomar melhores decisões no futuro", justificou depois o deputado ao PÚBLICO.

Segundo o líder parlamentar bloquista, Luís Fazenda, a proposta do Bloco de Esquerda pretendia mandatar o Parlamento para avançar com "um estudo mais detalhado sobre a natureza da dívida", por forma a "dar outra garantia de transparência" à actual situação do país.

Uma posição semelhante assumiu o Partido Comunista Português (PCP), ao defender, através de Agostinho Lopes, que "os portugueses tinham o direito de saber com rigor" as razões pelas quais se impunham cortes nos vencimentos e subidas de impostos.

Mas os partidos de poder - PSD, CDS e PS - rapidamente se mostraram contra a proposta. Nuno Reis, do PSD, declarou que a iniciativa lançava "à partida uma suspeição sobre a dívida", mas também sobre as entidades encarregues de apurar esses dados, como o Banco de Portugal, o Tribunal de Contas e o Instituto Nacional de Estatística.

Nuno Sá, do PS, usou o mesmo argumento, lembrando que existiam entidades com essa responsabilidade, para depois classificar a proposta como "inoportuna". E Michael Seufert, do CDS, acusou o BE de ter "intenções políticas" para a criação da comissão, nomeadamente, a de argumentar com dívida ilegítima para depois exigir a sua renegociação.

Luís Fazenda ainda contra-argumentou. Garantiu não existir outra intenção que não a de "agenciar o máximo de informação à sociedade portuguesa". Sobre o facto de já existirem outras entidades atentas à dívida Fazenda lembrou que tal facto não impedira o PSD de propor a criação do Conselho de Finanças Públicas: "Isso já não é uma ultrapassagem do Banco de Portugal?"

A proposta acabou rejeitada pelo PSD, CDS e PS com a excepção de Pedro Nuno Santos. O Partido Ecologista Os Verdes optou por se abster.

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