Códice Calixtino do século XII roubado em Santiago

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Livro tem um valor incalculável

O Códice Calixtino, ou Codex Calixtinus, um livro do século XII de valor incalculável, desapareceu da Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha. O manuscrito estava guardado numa caixa-forte no arquivo da catedral e o seu desaparecimento apenas foi reportado esta terça-feira. Este crime já é considerado um dos mais graves cometidos contra o património histórico e artístico.

"É uma tragédia e estou muito preocupado com este roubo porque o Códice Calixtino é provavelmente o documento mais importante da História de Espanha", disso ao jornal ABC o historiador Fernando García de Cortázar, ao saber da notícia do desaparecimento do valioso manuscrito, que, sabe-se agora, não tem seguro.

A polícia já está a investigar o caso e, segundo informou Miguel Cortizo, delegado do Governo na Galiza, não existem sinais de arrombamento da caixa-forte onde estava a obra, considerada a jóia da identidade galega.

O El País avança que a caixa-forte tinha as chaves colocadas, não existindo sinais de violência, o que torna o caso ainda mais misterioso, tendo em conta que o acesso ao arquivo da catedral é restrito. Apenas três pessoas, entre elas o cónego José María Díaz, podiam circular naquele espaço. Todas já foram interrogadas pelas autoridades mas não foram considerados suspeitos.

"Quem roubou, sabia bem o que estava a levar e como chegar a ele", disse aos jornalistas José María Díaz, revelando que o Códice carece de um seguro próprio. O pároco explicou que existe um seguro geral para a catedral, mas não se sabe ainda se cobrirá o exemplar roubado. Até hoje, o Códice Calixtino apenas tinha saído do monumento, mas nunca de Santiago da Compostela, em duas ocasiões e apenas por poucos dias, para duas exposições, a última em 1993. Depois disto, a Catedral optou por expor uma reprodução da obra, protegendo a original na caixa-forte.

Aquele que é definido como o primeiro e mais célebre guia para peregrinos foi mostrado pela última vez há cerca de dois meses a elementos do Ministério da Cultura. Quando na terça-feira os responsáveis do arquivo não encontraram o Códice Calixtino não foi colocada de imediato a hipótese de roubo.

"O melhor que pode acontecer é que o Códice esteja nas mãos de alguém que conheça o seu valor incalculável, porque assim temos a certeza que não o maltratará", disseram as autoridades ao El País, acrescentando que todos os meios estão a ser disponibilizados, estando também a Brigada Central do Património Histórico a ajudar à investigação.

Mas, para os especialistas, a obra já se encontra fora de Espanha, podendo tratar-se de um roubo realizado por um grupo contratado por algum coleccionador ou traficante de objectos desde género. "Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance", garantiu Miguel Cortizo, que entretanto activou os protocolos europeus, de forma a controlar os mercados onde este tipo de obras podem ser comercializadas.

A segurança da catedral e em especial do arquivo, onde uma obra tão importante estava guardada, está a ser posta em causa. No local existiam cinco câmaras de vigilância mas nenhuma apanhou o momento do assalto por não estarem focadas na caixa-forte.

O livro, dividido em cinco livros, foi atribuído ao Papa Calixto II, daí o nome pelo qual é conhecido.

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