Dez activistas condenados a prisão perpétua no Bahrein

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Protestos na Praça Pérola, na capital do Bahrein, em Fevereiro Hamad I Mohammed/Reuters/Arquivo

O Bahrein condenou dez importantes activistas xiitas e líderes da oposição a prisão perpétua, acusando-os de planear um golpe durante os protestos contra o regime no início do ano. Outros acusados foram condenados a penas mais leves.

As condenações poderão inflamar tensões no pequeno país do Golfo, onde têm tido lugar pequenos protestos diários desde que a lei de emergência foi levantada a 1 de Junho, e poderão também ameaçar um diálogo nacional que deveria começar no próximo mês.

Entre os que foram condenados a prisão perpétua está o dissidente xiita Hassan Mushaimaa, líder do grupo islamista Haq, um dos que pediu abertamente a queda da monarquia sunita durante os protestos da praça Pérola em Fevereiro e Março. O líder sunita do partido secular Waad foi condenado a cinco anos de prisão – o Waad e o maior partido de oposição xiita, Wefaq, tinham pedido a reforma do regime.

"Pacífico!"

Depois da sentença, os acusados mantiveram uma atitude de desafio, prometendo continuar a oposição pacífica à família real, colocando os punhos no ar e gritando “pacífico” enquanto eram arrastados pelos guardas para fora da sala de audiência, num coro de “Allahu Akbar” (Deus é grande) de familiares na assistência.

As autoridades tinham antes dito que os 21 acusados tinham estado envolvidos numa “tentativa de derrubar o Governo através da força em ligação com terroristas de uma organização trabalhando para um país estrangeiro”.

Os dirigentes sunitas esmagaram pela força protestos liderados sobretudo pela maioria xiita, com a ajuda de forças sunitas de outros países. O regime acusava o Irão de estar a influenciar os xiitas do Bahrein, que é o único país do mundo actual onde uma maioria xiita é liderada por um regime da minoria sunita (o outro caso era o Iraque, onde o sunita Saddam governava uma maioria xiita). O forte descontentamento dos xiitas, que se queixam de grande discriminação, traz o medo de contaminação aos vizinhos que têm minorias xiitas oprimidas, como é o caso da Arábia Saudita. O Bahrein é ainda estrategicamente importante para os EUA, já que é a base para a quinta frota naval norte-americana.

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