Godard filma Sarajevo para Guimarães 2012

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Godard regressa à capital da Bósnia

O seu filme vai ser uma das seis curtas-metragens com que Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura (CEC) se propõe montar uma longa, naquela que será a produção audiovisual mais mediática do evento.

Depois de há quase duas décadas, em plena Guerra da Bósnia, ter dedicado a Sarajevo uma espécie de fotolegenda audiovisual - "Je Vous Salue Sarajevo" (1993) -, Jean-Luc Godard vai regressar à capital da Bósnia-Herzegovina. O seu filme vai ser uma das seis curtas-metragens com que Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura (CEC) se propõe montar uma longa, naquela que será a produção audiovisual mais mediática do evento. Ao realizador de "Filme Socialismo" associar-se-ão os portugueses Manoel de Oliveira e Pedro Costa, e também o finlandês Aki Kaurismäki, o basco Victor Erice, mais um sexto nome ainda a anunciar (o nome de Peter Greenaway chegou a ser avançado, mas está por confirmar) na criação dum filme "sobre a questão central da memória histórica", avançou ao Ípsilon João Lopes, responsável pela programação audiovisual de Guimarães 2012.

É provável que Godard seja o único dos seis que não vai deslocar-se à cidade portuguesa para rodar. "Se há coisa que quisemos evitar foi o cliché da memória da cidade. Não pedimos a ninguém que venha filmar o castelo de Guimarães. Quisemos abrir o leque de possibilidades temáticas e artísticas", explica o crítico de cinema e programador.

Duas outras grandes apostas da próxima CEC portuguesa serão uma série de dez filmes no formato televisivo de 26 minutos sobre temas relacionados com Guimarães, todos com assinatura portuguesa (João Botelho, Rui Simões, Margarida Gil, Bruno de Almeida, João Salavisa, João Pedro Rodrigues, António Ferreira e João Nicolau são nomes já seguros), e o Prémio Joaquim Novais Teixeira, um concurso nacional destinado a jovens cineastas, que homenageia o escritor, jornalista, programador e cinéfilo vimaranense (1899-1972) que em 1952 integrou o júri do Festival de Cannes. Está também agendada a produção de documentários sobre figuras que ou fizeram obra em Guimarães ou levaram o nome da cidade a saltar fronteiras. São os casos do próprio Novais Teixeira (Margarida Gil será também a realizadora), do arquitecto Fernando Távora (realização de Rodrigo Areias) e de Martins Sarmento (realização de Jorge Campos), figura vital na arqueologia em Portugal, mas também um pioneiro da fotografia.

Registar e reflectir sobre a memória, mas "deixar também legado para o futuro" é a principal preocupação da equipa dirigida por João Lopes, que elegeu o digital como segundo tema-chave. "O digital é uma realidade incontornável. Estamos empenhados em que Guimarães fique dotada de condições óptimas não só de projecção como de produção neste domínio, que é o futuro do cinema e do audiovisual", justifica. Com esse objectivo, está prevista a criação duma plataforma de produção. A esta acção serão associadas instituições como o Cineclube de Guimarães, que João Lopes considera "um dos mais, se não mesmo o cineclube mais activo do país", ou a associação Muralha, que possui um valioso património de clichés de fotografia da primeira metade do século XX, tema duma exposição a apresentar ainda no final deste ano.

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