A fé no pontapé de Cardozo, a esperança na cabeça de Vandinho
Tanto o Benfica como o Sp. Braga vivem da fé e da esperança, num trabalho religiosamente estudado. Foi Domingos que o disse na véspera. Quando se chega a uma meia-final europeia, os jogos resolvem-se nos pormenores. Deus está nos detalhes, já se sabe. E foi isso que ambas as equipas procuraram. Não descobriram deuses, mas Aimar e Vandinho, Cardozo e Hugo Viana mostraram-se maiores que os restantes e marcaram o jogo de ontem. A má notícia para os seus treinadores é que nem Aimar nem Vandinho vão jogar o segundo jogo, castigados pelo cartão amarelo.
O Benfica sofre sempre golos – é assim há 15 jogos consecutivos – mas também sabe que passou as eliminatórias cujo primeiro jogo terminou com 2-1 na Luz. Foi assim com PSG e Estugarda. Domingos também disse que o adversário ia sofrer golos, enquanto Jesus queria mais golos, Mas, no final, saíram os dois estranhamente satisfeitos quando o árbitro apitou. Portanto, parece que nada está decidido.
O laboratório do Benfica é essencial. Os jogadores “encarnados” chegaram a este jogo com 58 minutos a mais nas pernas que os seus adversários. O Sp. Braga fez um jogo em 11 dias, ao contrário dos 3 em 12 dos benfiquistas. Daí o estático em vez do movimento. Mas também tem a vantagem da experiência: esta foi a 12.ª meia-final da história das “águias”, contra a estreia bracarense.
Na Luz, houve mais Benfica. Mais remates (11 contra 8) e o guarda-redes do Sp. Braga trabalhou mais: Artur fez 4 defesas contra apenas 3 de Roberto. Mas foi o espanhol a assustar mais que o brasileiro – no golo parece mal batido, pelo menos mal colocado – e largou bolas que deixaram os adeptos assustados. Aimar pegou na equipa (e nos adeptos) e o estádio rendeu-se. Ofereceu o saber a Cardozo, jogou sem Saviola (andou desaparecido) e carregou o jogo “encarnado”, até na defesa. Opôs-se contra o futebol musculado dos “guerreiros”, só quebrado por Alan. Nos dois jogos anteriores, o Sp. Braga não tinha marcado na Luz, campeonato (1-0) e Taça (2-0). Voltou a sair derrotado, mas não tão cabisbaixo.
POSITIVO e NEGATIVO
+
Aimar
Dizia-se que não tinha forças. Falso. Dizia-se que tinha génio. Verdadeiro. Nesta quinta-feira, foi tudo. Ele foi o Benfica. Não joga em Braga e isso deve preocupar Jesus.
Vandinho
Ele é o motor do Sp. Braga. E a cabeça. Foi dele o golo, que pode valer uma final europeia. Também não joga o segundo jogo. E Domingos deve estar com pena.
Cardozo
É o mal amado na Luz e não se entende. Se querem golos é com ele. Mas tem de ser com jeitinho. E nisso o paraguaio tem-no de sobra, ao contrário de corrida. Não chega?
-
Paulão
É muito forte e conseguiu ir anulando o ataque do Benfica, mas deixou muito espaço no centro e o primeiro golo foi por ali.
Sporting de Braga, 1
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.Assistência
57.782 espectadores.
Roberto
5, Maxi Pereira
6, Luisão
6, Jardel
6, Fábio Coentrão
6, Javi García
5, Carlos Martins
5(Jara
5, 65’), César Peixoto
5(Gaitán
5, 66’), Aimar
7, Saviola
4(Airton
-, 86’) e Cardozo
7.
TreinadorJorge Jesus
Sp. BragaArtur
5, Miguel Garcia
5, Rodríguez
5, Paulão
4, Sílvio
6, Vandinho
7, Leandro Salino
6, Hugo Viana
6(Mossoró
6, 63’), Alan
7, Meyong
5(Custódio
5, 56’) e Lima
5(Kaká
-, 84’).
TreinadorDomingos Paciência
ÁrbitroCraig Thomson
6, da Escócia.
AmarelosRodríguez (06’), Vandinho (39’), Miguel Garcia (43’) e Aimar (52’).
Golos1-0, por Jardel, aos 50’; 1-1, por Vandinho, aos 53 e 2-1, por Cardozo, aos 59’.
Notícia actualizada às 23h24