PS acusa Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto de ser uma "empresa inviável"

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Porto Vivo não recebeu propostas pelas casas de Mouzinho da Silveira ADRIANO MIRANDA

Em causa está o facto de a Porto Vivo não ter vendido qualquer fracção das dez que colocou no mercado, no quarteirão do Corpo da Guarda, enquanto os privados venderam nove

O PS acusou, ontem, a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) de ser "uma empresa inviável". A crítica foi feita pelo vereador da Câmara do Porto, Correia Fernandes, no final da reunião do executivo, e assentava no facto de a SRU não ter vendido, por enquanto, qualquer uma das dez fracções do reabilitado quarteirão do Corpo da Guarda.

Correia Fernandes diz que a ausência de interessados na aquisição dos nove apartamentos e do espaço comercial que a SRU colocou no mercado em Dezembro passado, e o sucesso da venda de apartamentos, no mesmo quarteirão, por parte do parceiro privado, mereceu a "semi-perplexidade dos socialistas. "Queríamos saber se este insucesso se deve a uma questão de preços ou ao próprio mecanismo de venda, que os privados instalaram com sucesso, mas que a SRU não conseguiu aplicar", explica.

Para o líder dos socialistas na autarquia, o preço-base apresentado pela SRU - o apartamento mais barato, um T1, custava 175 mil euros - tem responsabilidades claras no insucesso da operação. "Partir de uma base de cerca de dois mil euros por metro quadrado é, manifestamente, especulativo. Muito mais do que o dobro do que se paga em situações normais, por construção, projectos, etc. Este é um preço de venda de um apartamento nas zonas mais caras do Porto, nomeadamente, a Foz", defendeu.

Por isso, Correia Fernandes diz ficar claro que a reabilitação desenvolvida na cidade "é para compradores dos estratos mais altos", o que, no seu entender, não pode acabar bem: "A reabilitação da Baixa, assim, é completamente impossível. Não só se torna extremamente cara e dependente de parcerias fortes, como só se disponibilizam casas para um estrato [social] que não existe em quantidade suficiente para absorver tudo o que o centro histórico pode produzir".

Contactada pelo PÚBLICO, a assessoria de imprensa da Câmara do Porto explica que a SRU ficou com dez das 21 fracções do quarteirão e que, dos 11 apartamentos do parceiro privado, colocados no mercado com recurso a "promotores imobiliários", nove foram vendidos. A SRU, acrescenta a fonte, optou "por um processo de ofertas em carta fechada, processo mais transparente mas que não surtiu os efeitos esperados". Para a autarquia, esta foi "uma primeira abordagem que poderá e deverá ser alterada". A explicação, que já fora adiantada na reunião, não convence Correia Fernandes: "É muito estranho. Estas operações não se montam de um dia para o outro, é preciso haver um conhecimento do mercado e parece que tal não foi acautelado".

Para o arquitecto, a incapacidade da SRU em vender as suas casas do Corpo da Guarda e a continuidade de atrasos na reabilitação de quarteirões, por causa da dificuldade em chegar a acordo nas expropriações, não auguram "nada de positivo". "A SRU produz um bem que o mercado não está disponível para absorver, quando é disponibilizado. Uma empresa que não produz o que o mercado absorve é inviável", conclui.

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