Rituais e abusos sexuais em colégio chocam na Alemanha

Talvez fossem praxes, mas alguns que as sofreram nesta escola privada e laica, entre as décadas de 60 e 90, sentem ter passado pelo filme A Laranja Mecânica

O terror que se vivia no prestigiado colégio de Odenwald, na Alemanha, começou a vir a lume ao mesmo tempo que as histórias sobre os abusos cometidos em escolas ligadas à Igreja Católica e cometidos por padres. Mas este colégio privado nada tinha de religioso. No entanto, entre 1966 e 1991, pelo menos 40 alunos e dez professores terão participados em rituais de abusos sexuais e de humilhação, está agora a ser revelado.

A 14 de Abril, o colégio fundado por um casal de pedagogos judeus, Paul e Edith Geheb, relativamente perto de Frankfurt, no estado federal de Hesse, comemorá 100 anos. Mas o ambiente desta escola privada com fama de progressista não será propício a festas. A direcção demitiu-se, ficou apenas em funções a directora, Margarita Kaufman, que prometeu investigar até ao fim o que se passou.

No centro dos acontecimentos parece estar Gerold Becker, um antigo director da escola (de 1972 a 1985), contra quem surgiram as primeiras acusações em 1998. Mas o Ministério da Educação do estado de Hesse não investigou as queixas apresentadas por dois alunos, e a escola pensou que se trataria de "casos isolados, horríveis, mas isolados", diz Sabine Richter-Ellerman, que fazia parte da direcção agora demissionária, numa nota citada pela edição on-line em inglês da revista Der Spiegel.

As histórias de abusos incluem a violação com uma banana de um aluno que tinha sido atado, despejar água a ferver nos órgãos sexuais dos alunos e masturbações forçadas. Um dos alunos que agora contaram a sua história comparou o que viveu com o filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, relata o jornal Bild, de carácter sensacionalista.

Os casos incidem sobre os alunos internos do colégio. Segundo as denúncias, por vezes, alguns alunos mais velhos participariam nos abusos, submetendo os alunos mais jovens a estas práticas, na presença de alguns professores.

Este colégio é, de facto, reputado na Alemanha. Nele andaram várias figuras públicas conhecidas, como o eurodeputado franco-alemão Daniel Cohn-Bendit.

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