Sismo abalou madrugada de muitos portugueses

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Faro foi uma das cidades do país onde o sismo mais se sentiu Vasco Célio

Rui Silva, 24 anos, morador num prédio em Sintra, já estava deitado às 01h37, hora a que o sismo foi sentido. “A cama abanava e as janelas batiam com força. Mas passou rápido”, contou ao PÚBLICO, admitindo que ficou um pouco assustado, mas que acabou por adormecer pouco depois.

Ainda na zona da Grande Lisboa, Joaquim Cristóvão, 67 anos, viu a cama mover-se no seu apartamento na Graça. Tentou manter-se calmo, mas a “cama dançava” no quarto e acabou por levar algum tempo para conseguir voltar a dormir. Em Chelas, Maria Gomes, 66 anos, pensou que tinha sido a filha que a estava a acordar. “Abri os olhos e a cama a abanar e o roupeiro a balouçar. Tentei manter-me calma mas o sismo demorou alguns minutos a passar”.

Em Alcântara, Carla Geraldes, 36 anos, acreditou por momentos que a estavam a acordar. “Foi como se me estivessem a acordar. Senti uma espécie de balanço e só mais tarde percebi que tinha sido um sismo”.

O Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa indicou à Lusa que durante esta noite foram recebidos cerca de 100 pedidos de informação após o sismo, com pessoas a ligar “porque ficaram alarmadas outras por curiosidade e para confirmar se teria sido ou não um sismo”.

Intensidade sentida mais a Sul

O abalo foi registado com maior intensidade no Sul do país, já que o seu epicentro esteve localizado no Oceano Atlântico, a 185 km de Faro e a Oeste de Gibraltar. O Algarve, nomeadamente Lagos e Portimão, foi a região mais afectada. Apesar da intensidade do sismo, o Comando Distrital de Operação de Socorros de Faro confirmou que foram registadas várias chamadas de pessoas alarmadas, mas sem que tenham sido feitos pedidos de ajuda ou socorro.


Hernâni Duarte Maria, residente em Faro, escreveu num comentário no site do PÚBLICO que sentiu o prédio onde mora “todo a abanar literalmente”. “[Foi] como se o chão estivesse a deslizar nos meus pés. Claro que fiquei assustado, fui à varanda e algumas pessoas apareceram também. Foi um valente susto, isso sim”, relatou. Miguel Reis, um leitor de Portimão, disse que “de repente parecia estar bêbado” com o balanço provocado pelo sismo. Fernando, também da cidade de Portimão, ficou “sem reacção” ao ver que o candeeiro do quarto “tilintava e abanava”. “Já tinha sentido vários, mas nenhum como este. Parece que senti tudo a voltar ao sítio. Horrível!”, acrescentou no seu comentário.

Poucos pedidos de ajuda

Ainda no Sul do país, na zona do Alentejo, os serviços de protecção civil de Évora, Beja e Portalegre, contactados pela Lusa, confirmaram que receberam alguns telefonemas de pessoas a questionar se tinha sido um sismo e se havia danos.


No Grande Porto, os bombeiros foram contactados por várias pessoas, mas a maioria para saber informações sobre o abalo que se sentiu em Gaia, Maia, Gondomar, sem terem sido feitos pedidos de apoio.

No Centro do país, alguns comentadores do PÚBLICO confirmaram o registo do abalo. Mark Santos, morador num terceiro andar de um prédio em Coimbra, escrevia às 02h48 que sentiu o edifício vibrar durante cerca de 5 segundos”. Em Leiria, Ana Santos, que mora numa residência de estudantes, disse que após o abalo foi para a rua e “parecia uma festa do pijama”. “Saímos à rua com medo que nos caísse alguma coisa em cima”, acrescentou. Dora Moura, de Condeixa-a-Nova, contou cerca de uma hora depois do sismo que sentiu “primeiro um estalo” e que segundos depois o prédio onde mora “tremeu”.

O sismo desta madrugada, que teve até ao início da tarde 16 réplicas, não provocou vítimas, nem danos estruturais, segundo o último balanço avançado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil. O abalo desta madrugada foi classificado pelo Instituto Nacional de Meteorologia como o maior registado desde 1969 em Portugal.

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