Endless Boogie

A crítica a este álbum podia resumir-se ao nome da banda. Apenas isto: "Endless B-O-O-G-I-E" - e um "yeah!" no final para assegurar que sim, "endless boogie" faz bem ao corpo.

O primeiro álbum da banda de veteranos nova-iorquinos, obscura até Stephen Malkmus os convencer a abandonar a garagem e saltar para o palco, um pouco menos obscura depois disso, tem dez canções e 70 e tal minutos. Cada canção é um riff que se prolonga até nada mais existir no mundo do que aquela cadência de guitarra e um ritmo que mergulha no hipnotismo do blues para reemergir transformado, branco como uns Canned Heat sem pachorra para gravar discos.

Dez canções, dez jams blues-rock sem rabo de cavalo à vista. Extenso, excessivo, prolongado até ao limite de saturação para quem não partilha o fascínio pela coisa rock'n'roll. Os solos de guitarra, que são aqui matéria livre e espontânea, cumprem a mesma função da motorika dos Neu! - são a voz e o discurso de toda esta música. A voz ela mesma é coisa tresloucada, como que um grasnar de palavras sem sentido aparente, qual "Captain Beefheart meets George Romero" - forma de nos dizer que isto, que é música séria, não deve ser levado demasiado a sério.

Como escrevemos, o álbum divide-se em dez canções, mas a verdade é que nem são propriamente canções: apenas um som registado em fita. Que já soava antes de o gravador o captar e que continuou a ouvir-se quando um dedo decidiu carregar no stop. "Endless boogie", de facto, e felizmente.

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