Alegados homicidas de Ilídio Correia só queriam "andar à porrada"

Fernando Martins “Beckham”, um desses arguidos, confirmou que esteve em Miragaia, Porto, pelas 04:00 de 29 de Novembro de 2007 e disse que ouviu disparos, mas não identificou os autores, já que, segundo argumentou, nem sequer chegou a sair do carro em que se fazia transportar.

“Beckham” justificou a sua deslocação ao local, dizendo o objectivo era, tão só, “andar à porrada” com Ilídio Correia e os seus irmãos.

O arguido Mauro Santos também confirmou a sua presença no local com o mesmo objectivo, assegurando que não estava armado.

Garantiu que presenciou o tiroteio, mas também não identificou os autores. “Estou aqui para responder [só] por mim”, justificou-se.

Por sua vez, o arguido Ângelo Ferreira “Tiné” negou qualquer intervenção no homicídio e mesmo a sua presença no palco do crime. Quando confrontado com testemunhos de sentido contrário, disse que o terão confundido com outra pessoa.

Os depoimentos destes três arguidos - que implicaram o adiamento das alegações finais para todo o dia de sexta-feira, 18 - surgem na linha das declarações prestadas a tribunal, em 20 de Novembro, pelo principal arguido do processo, Bruno Pinto “Pidá”.

O designado líder do grupo de seguranças da Ribeira quebrou então o silêncio, afirmando: “Não cometi nenhum crime, não matei ninguém e não sou nenhum criminoso”.

Neste processo, estão em julgamento nove arguidos, cinco dos quais (Bruno Pinto “Pidá”, Mauro Santos, Fernando Martins “Beckam”, Ângelo Ferreira “Tine” e Fábio Barbosa “Suca”) terão tido implicação directa no homicídio de Ilídio Correia, um segurança de 33 anos.

Ilídio Correia foi abatido a tiro em Miragaia, na madrugada de 29 de Novembro de 2007, num dos casos com acusação deduzida pela equipa especial da procuradora Helena Fazenda, criada para investigar os crimes da noite do Porto naquele ano.

O segurança foi a terceira vítima da vaga de homicídios de 2007 ligada à noite do Porto.

Durante as sessões de julgamento várias testemunhas, incluindo os irmãos do segurança Ilídio Correia que terão assistido ao homicídio, afirmaram ter visto os arguidos Bruno "Pidá", Mauro Santos e Fernando "Beckam" no local onde terão sido disparadas quatro a cinco armas.

As dúvidas persistem, porém, sobre quem terá dado o tiro fatal que vitimou o segurança Ilídio Correia na Rua de Miragaia, junto à Alfândega do Porto, na madrugada de 29 de Novembro de 2007.

Após o reconhecimento do local do crime, feito pelo tribunal e advogados ao final da tarde de 05 de Novembro, a mandatária da família da vítima considerou que ficaram dissipadas quaisquer dúvidas quanto aos autores dos múltiplos disparos.

Na origem deste homicídio terão estado alguns desentendimentos entre os irmãos Correia (associados ao grupo de seguranças de Miragaia) e os seguranças da Ribeira, liderados por Bruno "Pidá".

Os conflitos terão começado à porta da discoteca La Movida, no Porto, seguindo-se trocas de tiros na Praça da Ribeira e no Túnel da Ribeira.