Caso Camarate: as famílias continuam à espera que o Estado Português seja "condenado", diz advogado

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Ricardo Sá Fernandes avançou, há cerca de um ano e meio, com uma queixa, no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, contra o Estado Português por este se ter “demitido" do caso

A convicção de Ricardo Sá Fernandes foi reiterada na Póvoa de Varzim, durante uma homenagem que a Juventude Popular local promoveu, ontem à noite, a Adelino Amaro da Costa, uma das vítimas que viajava no avião que transportava Francisco Sá Carneiro, e que se despenhou pouco depois de levantar voo do aeroporto de Lisboa, a 4 de Dezembro de 1980.

O advogado avançou, há cerca de um ano e meio, com uma queixa, no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, contra o Estado Português por este se ter “demitido deste caso”, quando deveria ter “seguido pistas” e ter “aprofundado provas”, lembrou à Lusa.

Assim, o causídico acredita que o Estado “vai ser condenado neste processo”, tanto mais que foram criadas oito comissões de inquérito, sendo que a última concluiu pela tese de atentado para explicar a queda do avião.

Apesar de, e do ponto de vista criminal, “já não ser possível fazer nada, uma vez que o processo prescreveu, o caso não está encerrado”, porque os familiares das vítimas mantêm esta queixa.

Quem marcou presença nesta homenagem foi o deputado Ribeiro e Castro que também criticou a actuação do Estado.

“Gerou-se uma cortina de ferro sobre este processo que tem sido uma vergonha nacional”, sublinhou o também ex-líder do CDS/PP.

Ribeiro e Castro não tem dúvidas que este atentado visava Adelino Amaro da Costa asseverando que “é deplorável que um crime como este continue na bruma 29 anos depois”.

Por seu lado, Ricardo Sá Fernandes acredita que “só foi possível apagar Camarate, porque “não havia em Portugal uma imprensa livre”, sendo que esta “estava nas mãos do Estado”.

“Se fosse hoje, era completamente diferente”, anuiu.

A homenagem de ontem serviu não só para falar de Camarate mas de Adelino Amaro da Costa que foi uma pessoa “de uma grande alegria, com grandes convicções, católico e um entusiasta contagiante”. A descrição é de Ribeiro e Castro que privou com ele e a quem apelidou de “pulmão do CDS”.

Porque era vontade de Adelino Amaro da Costa que o CDS se tornasse o maior partido político em Portugal, “a maior homenagem que lhe poderemos prestar é fazer com que o nosso partido conquiste, dentro em breve, essa posição”, concluiu Ribeiro e Castro.

Nesta homenagem estiveram dezenas de pessoas que quiseram assinalar o 29º aniversário sobre a morte do ex-primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e o ministro da Defesa do VI Governo Constitucional, Adelino Amaro da Costa, que morreram, em Camarate, num desastre de avião, segundo a versão oficial dos acontecimentos.

A queda do Cessna que viajava para o Porto, logo após a descolagem de Lisboa, provocou ainda a morte de Snu Abecassis, companheira de Sá Carneiro, de António Patrício Gouveia, chefe de gabinete do primeiro-ministro, e dos dois pilotos do aparelho.