Maioria dos militares atropelados em Tancos já recebeu alta

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Os feridos que foram transportados de helicóptero para Lisboa têm prognóstico reservado, esclareceu o Exército ao início da tarde Fernando Veludo

Cinquenta e um militares, maioritariamente recrutas da Escola de Tropas Pára-quedistas da base militar de Tancos (distrito de Santarém), na casa dos 20 anos de idade, participavam num exercício de marcha e corrida. O exercício é normalmente levado a cabo fora do recinto militar da escola porque, de acordo com o tenente-coronel Perdigão, "a área é pequena para fazer este tipo de exercícios".

Tendo saído da escola na direcção Oeste-Leste, o pelotão - que compreendia graduados e instruendos - ocupou uma faixa de rodagem da estrada, no sentido Tancos-Constância, porque era a única via de acesso a uma estrada de terra batida onde continuariam o exercício. Destacados do pelotão iam dois militares, um atrás e outro à frente, para avisarem os condutores da aproximação dos militares.

Por volta das 07h00, o militar mais recuado gesticulou para um condutor de um ligeiro que se aproximava, pretendendo indicar-lhe que mais à frente seguia o pelotão. O condutor - identificado pela agência Lusa como José Filipe, que fazia o percurso Tancos-Praia do Ribatejo para fazer distribuição de jornais - desviou-se deste militar, tendo saído da sua mão. Foi quando voltou a entrar novamente na sua faixa de rodagem e abalroou os militares, causando ferimentos em 16.

"Estava escuro. Eles não vinham identificados com coletes nem com camisolas brancas. Tentei desviar-me, mas não consegui e apanhei o pelotão", explicou à Lusa José Filipe.

"As primeiras ambulâncias e as autoridades policiais a chegarem ao local podem comprovar que eles vestiam t-shirts e calças verdes. Eu bati na minha mão", acrescentou.

Por seu lado, o Exército sublinha: “Centenas de militares andam nessa estrada todos os dias (...) Nunca houve problemas desta gravidade”, indicou o tenente-coronel Perdigão.

De acordo com o comandante do destacamento de Torres Novas da GNR, o condutor foi submetido a testes para detectar a presença de substâncias psicotrópicas e álcool, que deram resultados negativos.

Questionado sobre as razões de os militares não envergarem colete reflector, o tenente-coronel Hélder Perdigão indicou que "está a ser feita uma investigação interna". "Naturalmente que se o Exército achar que há alguma situação que tenha que ser corrigida no futuro, claro que iremos implementar as medidas que acharmos necessárias e adequadas para evitar que estas situações voltem a acontecer", disse.

Os feridos receberam tratamento hospitalar imediato, tendo dois deles sido transportados de helicóptero para Lisboa - um para o Hospital de Santa Maria e o outro para o Hospital de São José. Estes dois homens têm "prognóstico reservado", de acordo com os mais recentes dados fornecidos pelo Exército.

Ao início da tarde de hoje, um terceiro militar estava igualmente a ser transferido do hospital de Abrantes para o Hospital de Santa Maria, confirmou o Exército ao PÚBLICO. Este ferido, cujo estado não é considerado grave, "precisa de acompanhamento por parte do serviço de neurocirurgia".

Outros dois homens deverão igualmente permanecer internados, um em Torres Novas e outro em Abrantes.

"Os restantes já tiveram todos alta e dois estão em fase de pré-alta", esclareceu ainda o tenente-coronel.

O Exército está disponível para fornecer "todo o tipo de apoio" aos 16 militares que foram atropelados em Tancos, indicou o relações públicas do Exército.

No polígono militar de Tancos funcionam a Escola de Tropas de Pára-quedistas, o Comando da Brigada de Acção Rápida e a Escola Prática de Engenharia, com mais de 2000 militares.