Helen Keller, uma vida de conquistas

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Kathy Spahn

Cega e surda, a americana foi a primeira mulher
a completar os estudos universitários, em 1904

Aos 54 anos, Kathy Spahn é o último rosto feminino de uma organização criada em 1915, nos EUA, por uma mulher admirada no mundo inteiro. Helen Keller (1880-1968) é a mulher por detrás da criação da Helen Keller International (HKI), dedicada a pôr fim aos problemas de visão e nutrição em muitos países. Quando nasceu, no Alabama, Keller via e ouvia. Aos nove meses, tudo mudou devido a uma misteriosa doença, que se pensa ter sido escarlatina ou meningite. Os anos seguintes foram complicados, conta-se numa nota biográfica no site da organização. Tornou-se uma criança difícil, que partia os pratos e fazia birras. Aos seis anos, a mãe procurou ajuda e acabou por chegar a uma escola na zona de Boston, o Instituto Perkins para Cegos, e o director da escola indicou-lhe uma antiga aluna como professora, Anne Sullivan. Foi aí que começou um companheirismo para a vida entre as duas mulheres. Sullivan chegou a casa de Helen com uma boneca, e soletrou-lhe na palma da mão a palavra "boneca" formando cada letra com os dedos. Embora Keller repetisse os gestos feitos com os dedos, não compreendia o que eram as palavras. Foi ao fim de um mês que apreendeu por fim o significado das palavras: Sullivan pôs-lhe água a correr na mão enquanto na outra soletrava a palavra "água". Aprendeu a ler com letras em relevo e a ler e escrever em braille. O director do Instituto Perkins considerava-a "um fenómeno" e falava dela, pelo que Keller começou a ficar famosa. Aprendeu ainda a perceber o que os outros diziam ao tocar-lhes nos lábios ou na garganta enquanto falavam, mas só quem a conhecia bem percebia o que tentava dizer. Sempre acompanhada de Sullivan, em 1904 foi a primeira mulher a completar os estudos universitários. Foi nessa altura que escreveu o primeiro livro, a autobiografia The Story of My Life. Viajou pelo mundo e, com as palestras, angariou dinheiro para ajudar pessoas cegas. Em 1957, uma peça de teatro (The Miracle Worker) mostrava como conseguiu comunicar com o mundo vencendo todas as vicissitudes e a sua passagem a filme, em 1962, tornou-a ainda mais famosa. Kathy Spahn é o rosto deste legado. Antes da HKI trabalhou na Orbis, que também envolvida na luta contra a cegueira. Bailarina em Nova Iorque no início dos anos 80, Kathy Spahn começou a ver os amigos a morrer com uma estranha doença, a sida, e decidiu ajudar os outros. "Senti-me chamada para responder." T.F.

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