Dez projectos criativos

Foto

Móveis descartáveis
A imagem das peças pode motivar alguma desconfiança, mas Carlos Costa, professor de Educação Visual em Esposende, garante a fiabilidade das suas cadeiras e bancos de cartão, exemplificando com o uso que deles faz em casa com os seus filhos. O cartão de dupla canelura, com uma prensagem feita de modo científico, assegura a resistência deste mobiliário descartável, cuja patente já foi registada pelo autor. "Frank Gehry já desenhou peças com este material, que custam 2.500 euros", diz Carlos Costa. Mas este promete, se o seu projecto tiver condições para singrar, colocar "bancos descartáveis" nos supermercados a... dois euros.
Há Coisas do Cartão
Design
Carlos Costa - Porto

Arte do graffiti
Mr. Dheo é o alter ego de André Cunha, um designer de Gaia com uma atracção precoce e compulsiva pelo desenho. Autodidacta, Mr. Dheo vê a arte como um mundo "onde não podem nem devem existir regras nem limites". Para este concurso, apresenta um projecto ancorado nos graffiti e na street art, actividades para que reivindica o estatuto de arte, prevendo-lhe um mercado crescente a nível profissional. O projecto Alter.Ego oferece três serviços a partir da utilização de sprays de aerosol, para dar vida nova a espaços comerciais e particulares, à publicidade, mas também à revitalização de áreas públicas degradadas ou vandalizadas, em parceria com autarquias.
Alter.Ego
Artes Visuais
Mr. Dheo - Vila Nova de Gaia


Concertos no mercado

A transformação do Mercado Ferreira Borges, no Porto, no futuro Hard Club (que se transfere da outra margem do Douro) é um processo que está já a fazer o seu caminho. O projecto está à espera do licenciamento da empresa municipal Porto Vivo, e o grupo de cinco músicos e empresários (que inclui Calú, baterista dos Xutos & Pontapés) espera poder pô-lo em marcha até final do ano. O conceito é transformar o mercado centenário numa sala de concertos, livraria-discoteca, estúdio de gravação, restaurante-cafetaria e ainda espaço vocacionado para crianças. É um programa que se "adequa ao espírito das indústrias criativas", diz Paulo Ponte, um dos responsáveis, que espera que esta candidatura possa resultar na recolha de novas sugestões e contribuições que valorizem o projecto.
Hard Club
Animação cultural
Colectivo - Porto

Casar arte e design
Um ex-jornalista da RTP com formação em Ciências da Comunicação decidiu mudar de vida em 2006. Aventurou-se como empresário individual na área do design e encontrou, "absolutamente por acaso", nos tapetes de Arraiolos a inspiração e a matéria-prima para um novo negócio: utilizar a lã e o imaginário desta terra alentejana, que lhe interessa sobretudo "como símbolo da cultura portuguesa", para decorar ou redesenhar peças de mobiliário. João Bruno Videira tem as suas criações já distribuídas em lojas de Évora, Algarve, Lisboa e Famalicão, e espera agora poder saltar além-fronteiras com esta sua aposta no "casamento do artesanato com o design".
Água de Prata
Design
João Bruno Videira - Évora

Reinventar as paredes
Os clientes de alguns dos ultimamente muito falados hostels de Lisboa, como o Lisbon Lounge ou o Easy, já conhecem o trabalho deste colectivo de cinco jovens designers, que foram buscar ao "Rei" do futebol português a inspiração para o nome da empresa. Os seus desenhos decoram as suas paredes, aumentando a sensação de espaço através da técnica de trompe-l'oeil. Mas não se trata aqui de instalar o tradicional papel de parede, ou vinil, explica Andreia Almeida. É antes "uma técnica de quase impressão" de imagens criadoras de situações tridimensionais em espaços bidimensionais. Este trabalho, arrojado e criativo, já foi tema de uma exposição na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa.
The Wallprinters
Design
Vivóeusébio – Lisboa

Imaginário português
Dois designers formados em Milão acreditam que há ainda muito a conquistar para o têxtil português, apesar da crise do sector. A solução passa pela inovação no design, pois claro, mas também pela recuperação do imaginário português, recorrendo à tradição do artesanato, por exemplo. É nisso que aposta Ana Heleno (a designação Anabanana foi buscá-la ao seu petit nom de criança), que está a lançar uma nova colecção de têxtil-lar, fundada em dois conceitos: Emotional Design e Good Karma. Quer dizer, apostar nas emoções associadas a alguns símbolos da nossa cultura (os lenços de Viana, o galo de Barcelos...), mas usá-los também com uma vertente social, junto de instituições de assistência a idosos e deficientes, entre outros.
Anabanana
Design
Ana Heleno/Simão Gibellino - Fátima


Recortes sem pregos

O Valchromat é um material de mobiliário mais sofisticado do que o MDF, pela sua superior densidade e resistência mecânica. É com ele que Mariana Silva, uma designer de equipamento que trabalha em part-time numa empresa de mobiliário, quer criar o projecto Recortes. "Gosto de experimentar coisas novas e produtos mais exigentes", diz a autora do projecto, que apresenta como principal mais-valia o facto de dispensar pregos, parafusos, cola ou ferragens. O Valchromat molda-se com facilidade ao figurino desejado: bancos, cadeiras e outras peças de uso doméstico, com a particularidade de se poder escolher entre oito cores, e de não exigir acabamentos especiais. Mariana Silva espera que o concurso a ajude a transformar esta sua "ideia em negócio".
Recortes
Design
Mariana Silva - Leiria

Sabores puros e antigos
Café e chocolate feito com cacau de S. Tomé, biscoitos típicos do Alentejo e licores também regionais são alguns dos produtos que se podem encontrar na loja Boa Boca Gourmet, em Évora. É a aventura de um casal - ela engenheira agrária, ele designer -, que decidiu juntar as suas competências específicas na selecção e comercialização de produtos alimentares portugueses de qualidade superior e na sua apresentação com um design cuidado e atraente. "Não queremos inventar nem mudar nada, apenas queremos recuperar os sabores puros e antigos da nossa gastronomia", diz Inês Varejão. A micro-empresa existe desde 2004 e venceu o Prémio Red Dot Design no ano passado, em Essen, na Alemanha.
Boa Boca Gourmet
Gastronomia
Inês Varejão/António Pelicarpo - Évora


Instrumentos personalizados

O projecto nasceu em 2004, na Faculdade de Engenharia do Porto, que Júlio Martins frequentava: utilizar materiais compósitos, nomeadamente a fibra de carbono usada na aeronáutica e nos protótipos da Fórmula 1, para construir instrumentos musicais e outros produtos ligados às artes. O trabalho da dupla Júlio Martins/João Petiz já deu origem a protótipos na área do mobiliário (a linha de alta gama Boca do Lobo, por exemplo), joalharia, desporto e outros bens de consumo. Mas é nos instrumentos musicais "personalizados" que os dois engenheiros querem agora apostar. E porque se identificam com "o espírito das indústrias criativas", diz Júlio Martins, decidiram arriscar e propor a sua Ideia.M, Lda. a concurso.
Ideia.M, Lda.
Música
Júlio Martins/João Petiz – Porto

Da arte contemporânea aos manequins
Este projecto de cinco jovens formados em escolas de conservação e restauro nasceu, no ano passado, na Incubadora de Arte de Serralves. Pedro Rui Pardinhas explica que o alvo prioritário do grupo é a arte moderna e contemporânea. "Tratamos do restauro e conservação de obras pertencentes a acervos de museus, mas também de colecções privadas", diz, exemplificando com trabalhos já realizados nos museus da Bienal de Cerveira, Marítimo de Ílhavo e Municipal de Penafiel. Obras digitais em formatos vídeo, áudio e multimédia, ou maquetas de arquitectura, serão também objecto da sua atenção. Como o serão, sem discriminação, manequins de montras de lojas comerciais. Sempre com a expectativa de poder utilizar os equipamentos mais sofisticados nesta área.
20/21, Conservação e Restauro
Património
Colectivo - Porto

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