Relatório do Senado dos EUA acusa Donald Rumsfeld de cumplicidade nas agressões a prisioneiros

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Jeff Mitchell/Reuters

Donald Rumsfeld, ex-secretário de Estado americano da Defesa, está entre o grupo de altos responsáveis norte-americanos da administração Bush acusados de serem responsáveis pelas agressões a detidos em prisões americanas, nomeadamente em Guantánamo.

“O acordo dado por Rumsfeld para que se recorresse a técnicas de interrogatório agressivas em Guantánamo são entendidas como causa directa para que as agressões tivessem ocorrido”, diz um relatório do Senado americano, que se refere a factos ocorridos em Guantánamo a 2 de Dezembro de 2002 e ainda a torturas sobre prisioneiros no Iraque e no Afeganistão.

“As mensagens destes altos responsáveis eram claras: era aceitável utilizar métodos degradantes para a condição humana e abusar dos detidos”, disse o senador democrata Carl Levin, que preside à Comissão das Forças Armadas do Senado, responsável por este documento onde são ainda apontadas as tentativas de altos responsáveis de atribuir as culpas a subalternos, evitando a responsabilização por estes actos.

Durante os últimos dois anos esta comissão de inquérito avaliou documentos do ministério da Defesa onde eram expostas as práticas a que os prisioneiros eram submetidos, como a nudez, privação de sono ou o chamado “water boarding”, em que o prisioneiro, deitado de costas e com os pés elevados, leva com água na cara, experimentando uma sensação de afogamento.

“Estes métodos colocam em causa a nossa capacidade de recolher testemunhos exactos, deu razão aos nossos inimigos e comprometeu a nossa autoridade moral”, diz ainda o relatório.

O uso de métodos coercivos em interrogatórios a prisioneiros foram autorizados pelo Presidente George W. Bush, num documento datado de 7 de Fevereiro de 2002, onde era dito que a Convenção de Genebra que proíbe a tortura nas prisões, não se aplicaria a detidos islâmicos associados à Al-Qaeda nem aos taliban.

Também a então conselheira de Estado, mais tarde nomeada secretária de Estado, Condoleezza Rice, participou nas reuniões de 2002 onde foram tomadas estas decisões, adianta o relatório.

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